Homilia da ordenação presbiteral, dos Diáconos Jefferson Matheus Pereira Silva e Leonardo Santos Silva

Homilia da ordenação presbiteral, dos Diáconos Jefferson Matheus Pereira Silva e Leonardo Santos Silva

Igreja Nossa Senhora do Desterro e São José

Mairiporã 

20 de abril de 2024

Na memória de Nossa Senhora, no sábado, nos reunimo-nos na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Desterro e São José, em Mairiporã, para celebrar a Eucaristia, memorial permanente de Jesus, que nos amou até o fim, até a cruz.

Nesta circunstância providencial, e que a todos faz transbordar a alegria e a gratidão, ordenaremos presbíteros nossos irmãos, os Diáconos Jefferson e Leonardo.

Nossa Igreja Diocesana se alegra com vocês, meus queridos irmãos, com o sim e a entrega que fazem da vida. Em nossa Igreja, vocês continuarão o sacerdócio de Jesus, que veio para servir e não para ser servido, realizando, como testemunhas autênticas, as maravilhas que ele realizou e realiza com seu povo. Hoje se concretiza o que vocês buscaram ao longo dos anos de formação.

Por graça e misericórdia divinas, vocês se tornarão Padres. Homens da intimidade com Jesus, na oração e na comunhão com o povo, com os irmãos presbíteros e diáconos e com o Bispo. Homens da santidade e da primazia da caridade, livres e fiéis à imagem de Jesus com o Pai, consagrados na verdade para a Verdade, e que não escolheram viver os próprios projetos, mas o Projeto de Jesus, que é serviço incondicional à causa do Reino de Deus.

Iniciamos a liturgia da Palavra com a leitura do profeta Jeremias. O profeta é o porta-voz de Deus, seu agente qualificado, uma pessoa possuída por Deus que sustenta seus passos nos conflitos que a sociedade arma contra ele. Foi o que aconteceu com Jeremias, cuja vocação antecede a concepção, e a nomeação antecede o nascimento: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te escolhi; antes que tu nascesses, eu te consagrei e te nomeei como profeta das nações” (Jr 1,5).

A missão do profeta Jeremias foi marcada por muitas atribulações. Desde o início, Deus pediu-lhe que colocasse o cinto, ou seja, que estivesse pronto para mergulhar nos conflitos: “Levanta-te e fala a eles tudo o que eu te ordenar!” (Jr 1,17a). “Não tenhas medo deles, se não eu é que vou te meter medo na presença deles!” (Jr 1, 17b). Uma certeza anima o profeta: protegido por Deus, é como uma “cidade fortificada, coluna de ferro e muro de bronze” (Jr 1, 18a). Perseguido, não desanima. Enfrenta os reis de Judá e seus ministros, os sacerdotes que compactuam com o poder político e praticam a corrupção, é enviado ainda aos donos do poder econômico que exploram os pequenos e os pobres.

Meus caros Diáconos Jefferson e Leonardo. As adversidades serão inerentes à missão, e o que eu lhes peço hoje é que não tenham medo. Como Deus entrou na vida do profeta Jeremias, entrou na vida de vocês, chamando-os desde o ventre materno, separando-os para ele. Não negligenciem a dimensão profética do ministério. Deus sempre será o aliado de vocês.

Reflitamos no Evangelho que acabamos de ouvir, situado no contexto da videira verdadeira, onde o pai é agricultor, e todo ramo que não der fruto será cortado. O que nos anima é o que Jesus diz: “Destinei-vos a irdes e a dardes frutos, e que o vosso fruto permaneça” (Jo 15,16). Trata-se de uma palavra dirigida de modo específico aos Apóstolos, mas, em sentido amplo, diz respeito a todos os discípulos de Jesus. 

A Igreja inteira, todos nós, somos enviados pelo mundo para anunciar o Evangelho da salvação. Mas a iniciativa é sempre de Deus, que chama para os múltiplos ministérios a fim de que cada um desempenhe a própria função em vista do bem comum. Chamados ao sacerdócio ministerial, à vida consagrada, à vida conjugal, ao compromisso no mundo, a todos é pedido que respondam com generosidade ao Senhor, sustentados pela sua Palavra que nos tranquiliza: “não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi” (Ibidem).

(Um caminho de fé e sempre novo – Pregações para o Ano Litúrgico ‘B’ – Bento XVI).

Meus queridos irmãos! Que o ministério que assumem hoje concretize esse projeto que Jesus levou às últimas consequências: palavras e gestos dele transpareçam em vocês: acolhendo, abençoando, reconciliando, anunciando o Reino, especialmente aos pequenos e pobres. Alimentem, com a Palavra e a Eucaristia, os que se propõem a segui-lo, denunciando o pecado que fere a liberdade humana e impede a alegria e a felicidade.

É pela fé que compreenderão tão grande mistério que a todos ultrapassa, dom concedido a vocês e a ser administrado por graça dele.

Com o Apóstolo Paulo, exorto-os a acertar, a partir de hoje, seus passos com os de Jesus, o crucificado. De seu lado aberto na cruz jorram todas graças. Abram seus corações para que todos possam sentir neles o coração do próprio Jesus, pleno de amor e de bondade. Dediquem-se a todos sem reservas, com coragem, confiança e sem falsificar a Palavra de Deus.

Não privatizem o ministério, a ser realizado com alegria, discernimento, diálogo, proximidade e oração. Não sejam ciosos da legítima tranquilidade e nunca pensem que alguém os perturbará quando os procurar.

Peçam a graça de não viver as comodidades mundanas, como ensina o amado Papa Francisco.

Não se preocupem em tutelar o bom nome de vocês e, se forem incompreendidos e caluniados por causa da fidelidade ao ministério, lembrem-se de que com Jesus fizeram o mesmo.

Com coração missionário, não tenham medo de arriscar a vida e assim cuidar para que ninguém se extravie. No amor e na unidade, procurem ser o sacramento da presença misericordiosa do Bom Pastor – Jesus, que veio, não para ser servido, mas para servir, buscar e salvar o que estava perdido.

Peço agora a Maria, Mãe do Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, que sustente, mediante sua contínua proteção, o ministério de vocês, especialmente nos momentos em que o caminho se mostrar árduo e o peso do cansaço se fizer sentir. Que ela intervenha em favor de vocês junto ao seu filho, para que nunca desanimem e mantenham sempre renovada coragem na execução da Ação Evangelizadora.

Jefferson: “filho daquele que traz a paz de Deus”.

Leonardo: “forte como leão”

† Sérgio,

Bispo Diocesano.