ATIBAIA EA SUA FESTA

ATIBAIA EA SUA FESTA

POSTADO EM 23 de Junho de 2016



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Na metade do século XVII o bandeirante Jerônimo de Camargo fundou um aldeamento que os índios guarulhos ou guarus chamavam com o nome que dá título a estas linhas. Esse nome era dado ao rio que perpassava o aldeamento. Seu significado: manancial saudável.  Posteriormente “Ty-baia” se transmutou em Atibaia. No aldeamento foi erigida uma pequena capela dedicada a São João Batista. No dia 24 de junho de 1665 o Padre Mateus Nunes de Siqueira, amigo de Jerônimo Camargo, celebrou a primeira missa no local. Essa data é a oficial da fundação da cidade.  Surge, igualmente, por esse tempo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.  Trabalho de escravos. No trabalho de reforma e ampliação da antiga capela de São João surgiu o primeiro templo em 1719. Data de 1858 a segunda reforma da Matriz. A imagem de São João Batista que está na igreja foi ali colocada em 1908. Ao longo dos anos as duas igrejas, feitas de taipa, foram submetidas a modificações (especialmente no seu interior). Por volta do ano 2000 e dos anos seguintes, houve interdição da matriz motivada pelo risco de desabamento do teto. O pároco de então, Pe. Eugênio Luiz Bertti, se desdobrou para conseguir solucionar o problema. Um grande empenho da comunidade superou o risco. Hoje as duas igrejas são utilizadas para as celebrações. A Igreja do Rosário completamente restaurada. A matriz de São João ainda precisa de cuidados. Mas está em total funcionamento. Essas duas igrejas são marco para a memória dos fundadores e das gerações que, nesses templos, professaram sua fé e celebraram suas vidas.  Neste 24 de junho de 2016 Atibaia celebrou 351 anos! Os tempos mudaram. A cidade também. Tem havido empenho do povo e das autoridades em não perder as raízes da sua história. Há um trabalho cuidadoso nas mais diferentes promoções para que as novas gerações não percam a riqueza do passado. Uma das atividades que mexe com muita gente é a Festa de São João. Tem uma estrutura enorme. Mais de cem barracas são disponibilizadas para a Paróquia e outras entidades, para que oferecendo comida, doces, artesanato, brinquedos, etc., possam arrecadar fundos para suas finalidades. A festa ultrapassou os limites da conotação religiosa e passou a ser um evento do calendário municipal. E pelo envolvimento da gestão pública, que banca a infra-estrutura e a contratação de artistas, ela abriu a permissão para barracas de igrejas protestantes, centros espíritas, escolas de samba, etc. Não deixa de ser interessante... Noto que a figura de São João Batista é muito lembrada pelas pessoas. E hoje, contando já com nove outras paróquias no município, a matriz de São João ainda é forte referência. O trabalho pastoral que vejo é fazer com que a devoção secular ao precursor de Jesus Cristo seja motivadora de trazer para os nossos dias o espírito da missão e da pregação do Batista. Quando João surgiu era “a voz que clama no deserto”. Ele pregava a restauração dos caminhos para que o Messias pudesse chegar. A proposta do batismo, às margens do Jordão, era de conversão real e não um mero rito purificatório. Tanto que chamou de “raça de víboras” àqueles que o procuravam somente para um ritual externo. Ele batizou a Jesus e o anunciou como o “Cordeiro que tira o pecado do mundo”. Não usurpou a missão e nem aceitou que o vissem como Aquele a quem ele preparava o caminho. Seu amor pela verdade o levou à morte. Ao dizer a Herodes que não era lícito ter a cunhada como sua mulher, assinou sua sentença de morte. Não se desviou da denúncia. Seu exemplo, marcado pela palavra e pelas atitudes, deve ser inspirador para nossa época. O compromisso com a verdade é uma das grandes falhas morais de nosso tempo. É um tal de “não saber”, de “desconhecer”, de buscar argumentações ridículas, de valer-se do poder do dinheiro para mudar o fato em hipótese que, se não fosse de chorar, era para gargalhar. Como precisamos de homens e mulheres que tenham em João Batista um paradigma!

Atibaia festeja estes dias. Que a festa não termine quando barracas e shows silenciarem. Que a festa seja estímulo para lembrar a quem se festeja e o compromisso que isso traz.


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