Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria
Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria
Catedral Diocesana – Bragança Paulista (SP)
8 de dezembro de 2023
“...Alegra-te, cheia de graça...” (Lc 1, 28)
Irmãos e Irmãs!
Toda a beleza e grandeza desta celebração se encontram nas palavras que o mensageiro de Deus dirigiu à jovem de Nazaré: “... Alegra-te, ó cheia de graça, o Senhor está contigo...” (Lc 1, 28).
“Alegra-te”. “Isso é a primeira coisa que Maria escutou de Deus e que hoje somos chamados a escutar. Falta alegria entre nós, na Igreja, como já disse o Papa Francisco. Com frequência nos deixamos contagiar pela tristeza de uma Igreja envelhecida e cansada. Jesus parece não ser mais Boa Notícia. Não sentimos alegria de ser seus seguidores. Quando não há alegria, a fé perde o frescor, a cordialidade desaparece, a amizade entre os que creem esfria. Tudo fica mais difícil. É urgente despertarmos a alegria em nossas comunidades e recuperarmos a paz que Jesus deixou para nós como herança.
“O Senhor está contigo”. Não é fácil a alegria na Igreja hoje. Alegria que só pode nascer da confiança em Deus. Não somos órfãos. Ele é Deus conosco, e à ele invocamos cada dia como Pai que nos acompanha, nos defende e busca sempre o bem de todo ser humano. Ele está sempre conosco”. Cultivemos a alegria. (A Boa Notícia de Jesus. José Antonio Pagola).
Em meio aos desafios do cotidiano, e, sobretudo das contradições que o homem e a mulher vivenciam dentro de si e à sua volta, o mistério da Imaculada Conceição confirma que a graça é maior que o pecado, que a misericórdia de Deus é mais poderosa que o mal, e é ele que o transforma o mal em bem.
Todos os dias experimentamos o mal que se manifesta de muitos modos nas relações e nos acontecimentos, cuja a raiz se encontra no coração humano, um coração ferido, doente e que não pode curar-se a si mesmo.
A Sagrada Escritura revela-nos que na origem do mal está a desobediência à vontade de Deus, a autossuficiência, o querer competir com Deus, ocupar o seu lugar e que a morte ganhou domínio porque a liberdade humana cedeu à tentação do Maligno.
O mais importante é a experiencia de um Deus que não falta ao seu desígnio amoroso. Ele jamais fracassa ou poderá fracassar. Através de um caminho de reconciliação longo e paciente, preparou a Aliança nova e eterna, selada no sangue do seu Filho que, para oferecer-se a si mesmo em expiação, “... nasceu de uma mulher...” (Gl 4,4).
Dessa maneira, na mãe de Cristo e nossa mãe, realizou-se perfeitamente a vocação de cada ser humano – a nossa vocação. “Também a nós é concedida a ‘plenitude da graça’, que devemos fazer resplandecer em nossa vida, porque ‘o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo – escreve São Paulo – nos abençoou com toda espécie de bênçãos espirituais... Foi assim que ele nos escolheu... Antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis... Predestinou – nos a ser adotados como seus filhos’ (Ef 1, 3-5).
Irmãos e irmãs, a presente festa da Imaculada Virgem Maria, nossa amada Padroeira, ilumina como um farol o tempo do Advento, tempo de vigilante e confiante expectativa do Salvador, que veio na condição humana, virá na sua glória, e vem cada dia nos gestos de amor e de bondade que realizamos. Tempo de oração e de contemplação. Tempo de silenciar, tempo de voltar-nos mais para o nosso interior. Enquanto caminhamos, olhemos para Maria que “brilha como sinal de esperança segura e de consolação aos olhos do Povo de Deus peregrino” (Lumen Gentium n. 48).
O ensinamento da Igreja nesta Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, expressa a certeza de que as promessas de Deus se realizaram, que a sua aliança é para sempre e produziu uma raiz santa da qual germinou o fruto abençoado de todo o universo, Jesus, o Salvador. A Imaculada Conceição demonstra que a graça é capaz de suscitar uma resposta, e que a fidelidade de Deus sabe gerar uma fé verdadeira, generosa e comprometida com bem.
Ao constatar a alegria e o envolvimento de toda a nossa Diocese rumo ao seu centenário, em 2025, alegramo-nos com Maria. Chegamos até aqui, e com ela continuamos o caminho, dando graças pelas maravilhas já realizadas. Amém.
† Sérgio,
Bispo Diocesano