Homilia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus 2021

Homilia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus 2021

POSTADO EM 11 de Junho de 2021

“Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna,
vida que vivifica toda a vida,
luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros,
que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade.
Ó eterno e inacessível,
brilhante e suave manancial daquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais!
Sois profundidade infinita, altura sem limites,
amplidão sem medidas, pureza sem mancha!”
(São Boaventura, Séc. XIII).



              Irmãos e Irmãs!

         

              Ao iniciar esta homilia, fazemos nossas, as palavras do profeta Oseias (11, 4. 8): “meu coração comove-se no intimo e arde de compaixão, com a certeza de que o Senhor nos atrai com laços de humanidade e com laços de amor, levando-nos ao colo, assim como leva uma criança...”.


               Apresentamo-nos hoje diante do coração de Jesus com o coração agradecido e revestidos dos seus sentimentos, alegres por participar do seu pastoreio e em tudo dando graças. É o sentido de estarmos reunidos nesta Eucaristia, que é ação de graças, pedindo que este imenso dom molde nosso coração de presbítero, para que dele (do nosso coração) o povo possa  chegar ao coração de Jesus e haurir as graças necessárias à sua santificação.


                Com humildade pedimos um coração misericordioso, descendo aos abismos da fragilidade humana e do pecado, para revelar o coração misericordioso do Pai que levanta das quedas cada um dos seus filhos e filhas e os chama à alegria do perdão. O nome de Deus que Jesus revela é “misericórdia” e, ministros da misericórdia e da reconciliação é o que nos identifica com ele. E como temos necessidade de sacerdotes de trato misericordioso, acolhedores, dispostos a escutar e acompanhar os irmãos, de modo especial no sacramento da reconciliação. Ninguém concebe um presbítero que não seja misericordioso, que não use de misericórdia e reconciliação consigo mesmo, com os irmãos de presbitério, com o povo.


                  Ao contemplar o coração de Jesus, imploremos a graça de um coração compassivo, especialmente ao se confrontar com a dor e o sofrimento provocados pela doença, pela marginalização e por toda forma de pobreza material e espiritual.


                  Nosso coração exprima sempre proximidade, inspire confiança e esperança. Fitando nosso olhar no coração de Jesus, peçamos perdão porque às vezes somos insensíveis, duros demais com as fraquezas do próximo, arrogantes encontrando sempre justificação para o injustificável.


                 Nosso coração seja vigilante, capaz de discernir a presença do Senhor, que nos torna atentos a sua Palavra, operosos na caridade de modo que não se esgote o azeite na lâmpada da nossa vida e, como as virgens prudentes, possamos ir ao seu encontro cada dia. Sendo vigilantes e perseverantes na oração, venceremos as tentações do demônio. Não nos cansemos da esperança. Procuremos, recostados ao coração de Jesus, superar as amarguras e toda a aridez que nos levam ao fechamento, ao isolamento e à incúria.


     Cuidemos e não negligenciemos nossas fragilidades. Como disse o Papa Francisco há poucos dias, elas são um lugar teológico, propicio para um encontro intimo, verdadeiro, sem máscaras com o Senhor que nos ama e nos resgata para si.


                  Presbíteros de coração generoso como o de Jesus, consagremos nossa vida ao povo. A ele somos chamados a servir por uma frutuosa caridade pastoral, o que será possível se tivermos vida interior, oração pessoal e comunitária, amigos do acompanhamento espiritual. Aí estará nossa força e dinamismo que manterão sempre vivo o desejo de nos doarmos sempre mais, sem medo, mas alegres e dispostos. Uma certeza nos mova sempre: em nosso DNA sacerdotal, a exigência de doar-se sem reservas.


                    Com o hino da Solenidade do Coração de Jesus, na primeira vésperas cantamos: “Ninguém se afaste do amor do vosso bom coração. Buscai, nações, nesta fonte as graças da remissão. Aberto foi pela lança e, na paixão transpassado, deixou jorrar agua e sangue lavando nosso pecado. Glória a Jesus, que derrama a graça do seu coração, um com o Pai e o Espirito, nos tempos sem sucessão.

            


† Sérgio

Bispo Diocesano

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