Ordenação Diaconal 12 de dezembro de 2015

Ordenação Diaconal 12 de dezembro de 2015

POSTADO EM 14 de Dezembro de 2015


Image title                                                             Ordenação Diaconal

                                                         12 de dezembro de 2015

                     Festa de Nossa Senhora de Guadalupe – Padroeira                  

        principal da América Latina   

                                   

 Homilia

                                            Caríssimos irmãos presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, leigos e leigas de nossas comunidades, visitantes, familiares e amigos destes nossos irmãos, candidatos à Ordenação Diaconal.                                                        

                                             Estamos reunidos nesta Igreja paroquial de Cristo Rei em Atibaia – SP, celebrando a Ceia do Senhor, na festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal da América Latina. No transcurso desta solene ação de graças, vamos consagrar diáconos estes nossos irmãos. Eles receberão o primeiro grau do sacramento da ordem para o serviço, pela imposição das mãos do Bispo, por graça e misericórdia de Deus.  

                                            O sacramento da ordem, no grau do diaconado, marcará indelevelmente cada um deles e imprimirá um caráter de tal modo que haverá em suas vidas uma alteração de origem transcendente que jamais será modificada ou suprimida. Eles serão configurados a Jesus Cristo para ser presença e ícone d’Ele, que se fez “diácono”, servidor de todos. “Eu estou no meio de vós como quem serve” (Lc 22, 27).

                                            Para refletir no ministério da liturgia, que constitui uma das funções do diácono, recorremos ao quarto Evangelho. Percebemos que o apóstolo João não narra a ceia, os gestos e as palavras de Jesus sobre o pão e o vinho como nos sinóticos e no apóstolo Paulo. Ele narra o lava-pés como exemplo – serviço – memorial  daquilo que realizou em sua vida: “Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13,14).

                                              Assim, compreendemos que a Eucaristia, mais que um rito sagrado, nos remete imediatamente às realidades que nos circundam: de dor e de alegria, de morte e de vida, e que nelas Jesus está presente e se doa sem reservas. E nós, em comunhão com Ele, somos chamados a nos doar igualmente onde quer que estejamos. Portanto, é na vida que o mistério de amor e de comunhão, presente na Eucaristia, se prolonga. Quem o recebe na Eucaristia abraça o compromisso de ofertar a própria vida por amor. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo15, 13).  Aí acontece a verdadeira liturgia                                      

                                             Os diáconos são também servidores da Palavra de Deus, não somente na proclamação do Evangelho, na celebração litúrgica, mas também pregando-a e anunciando-a com ardor no agir cotidiano.  Receberão os Evangelhos com o compromisso de testemunhar aquilo que pregam, por mais desafiadora que seja a missão. Que vocês sejam homens da acolhida e da escuta amorosa da Palavra. Somente assim, repletos do “Espírito e de Sabedoria” (At 6,3), poderão desempenhar este ministério.      


                                      No ministério da caridade, os diáconos são configurados ao Cristo Servo, a quem representam, sendo, sobretudo, “dedicados aos serviços de caridade e de administração”. Por isso, na prece de ordenação, o Bispo pede por eles a Deus Pai: “... sejam cheios de todas as virtudes: sinceros na caridade, solícitos para com os pobres e os fracos, humildes no seu serviço... “ imagem do Teu Filho que não veio para ser servido, mas para servir”. Com o exemplo e a palavra, devem fazer com que todos os fiéis, seguindo o modelo que é Cristo, se coloquem ao serviço constante dos irmãos.

                                             A vocação diaconal é um dom de Deus, que se constitui como um grande bem, primeiramente para o próprio diácono. Mas é também um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão. Mais do que isso, é uma necessidade que se impõe diante da urgência do testemunho do Reino e da Salvação de muitos.

                                            Não só os diáconos, mas todos nós, batizados, somos servidores – discípulos missionários de Jesus, como os Apóstolos que abandonaram barcos, redes, pátria, família e projetos pessoais. Ao diácono cabe aceitar o desafio a esse despojamento. Ele deve viver na simplicidade e objetividade evangélicas e ter sua vida centrada em Cristo, cuidando para não se deixar levar pelos atrativos que pouco ou nada tem a ver com o ministério. Quantos de nós, membros do clero, estamos realizando tantas coisas.  Muitas delas, talvez, em total desacordo com a proposta do Papa Francisco, na contramão da proposta evangelizadora da Igreja. Mas o que fazer se muitas vezes o que fala mais alto são nossos projetos pessoais? É preciso conversão, é urgente acertar o passo...

                                              Dentro de alguns instantes, os candidatos manifestarão, diante do Bispo e dos presentes, o desejo de viver alguns propósitos decorrentes do ministério que abraçarão. Particularmente o dom sagrado do celibato, norma disciplinar da Igreja, exigência de dedicação, oblatividade, liberdade e caminho para vencer os imensos desafios que se apresentam no exercício do ministério no mundo atual: relativizado, individualista e egoísta, o que demandará tempo e doação, sobretudo, oração. São Paulo aconselha o celibato para os que são chamados a cumprir de maneira mais plena a vocação de anunciar o Evangelho e testemunhar o Reino de Deus (cf. 1 Cor 7, 32.38). O texto sagrado do livro dos números a pouco proclamado exigirá de vocês meus irmãos, que estejam a serviço da comunidade, vivam verdadeiramente como doados para o Senhor. Honrem, zelem, sejam cuidadores das coisas sagradas, em tudo agradando ao Senhor. Sejam testemunhas credíveis d’Ele.                                         

                                            Os candidatos firmarão ainda o propósito de rezarem a liturgia das horas, oração da Igreja e com a Igreja pelo mundo inteiro, individualmente ou em comunidade, lembrando que mesmo individualmente sempre rezamos juntos. É a oração do saltério que contempla a pessoa ou a comunidade que rezam em situações diversas: na súplica, na angústia, no louvor, na gratidão e na vitória sobre os inimigos.  

                                             Nos salmos, escola de oração, vocês encontrarão um modo eficaz para superar o egoísmo, o individualismo, a autossuficiência e manter firme a intimidade com o Senhor, o que os tornará capazes de testemunhar as maravilhas realizadas por Ele em suas vidas.    

                                              Meus queridos irmãos: Antonio, Edson, José Carlos e Tiago: estamos iniciando o Ano da Misericórdia. Recordem sempre das palavras do Papa Francisco: “O Pastor consciente de que seu ministério brota unicamente da misericórdia e do coração de Deus, nunca poderá assumir uma atitude autoritária, como se todos estivessem aos seus pés, como se a comunidade fosse sua propriedade, seu reino pessoal. A consciência de que tudo é dom, tudo é graça, ajuda o pastor também a não cair na tentação de se pôr no centro da atenção e de confiar só em si mesmo. São as tentações da vaidade, do orgulho, da suficiência, da soberba. É para Jesus Cristo que vocês devem atrair as pessoas e não a vocês. Todo trabalho é para a glória e Deus e o bem dos irmãos.

                                    

                                 Deus não permita que um bispo, um sacerdote ou um diácono pense que sabe tudo, que tem sempre resposta certa para tudo e que não precisa de ninguém! Ao contrário, a consciência de ser o primeiro objeto da misericórdia e da compaixão de Deus deve levar o ministro da Igreja a ser sempre humilde e compreensivo e ser capaz de estabelecer a comunhão. Nunca a tibieza, ela enoja o coração de Deus...”.                                                

                                             Meus queridos irmãos. Sob o olhar e o patrocínio da Virgem de Guadalupe, vocês serão ordenados diáconos. Nesta festa, a predileção da Mãe de Deus por este continente e seu povo. Assim ela se apresenta: “Ouve filho meu..., sou a sempre Virgem, Santa Maria, Mãe do Deus da grande verdade... Sou a mãe da misericórdia, tua e de todas as nações que vivem nesta terra...”.

                                             Se, são comoventes a simplicidade e a ternura com que Maria se dirige a um dos seus filhos mais desamparados e, justamente por isso, dos mais queridos, não menos tocante é a humildade do índio João Diego que a chama de Senhora, menorzinha de minhas filhas, minha menina.

                                              Guadalupe é uma mensagem de esperança, de resistência, de conversão ao Deus verdadeiro. Escolhendo um pobre para manifestar-se, Maria deixa clara a preferência de Deus pelos mais necessitados. Ensina-nos também que a pobreza evangélica exige total aceitação do plano de Deus, uma ilimitada confiança em sua palavra e uma generosa disponibilidade.

                                             Mãe do céu morena, rogai por estes seus filhos, rogai por nós. Amém! 

                                                                                                                                                                                     

                                                                                 

                                                                                      +Sérgio

                                                                                  Bispo Diocesano              









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