Igreja Missionaria

Igreja Missionaria

POSTADO EM 04 de Outubro de 2016

Por: Pe. Francisco Gilson *

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Este mês de outubro, como bem sabemos, é dedicado a oração e promoção às Missões, que tem como patronos Santa Teresinha do Menino Jesus e São Francisco Xavier, ambos proclamados pelo Papa Pio XI.

Às vezes, quando falamos em «missão» logo surge no imaginário popular que para ser missionário é preciso sair pelo Brasil ou Mundo à fora para, assim, anunciar o Evangelho. Aprendemos, com o Concílio Vaticano II, no Decreto sobre a Atividade Missionária da Igreja que sua natureza é ser missionária (cf. Ad Gentes, n. 2), como Cristo, missionário do Pai que, que de igual modo enviou seus apóstolos: “[...] realizados já definitivamente, em si, pela sua morte e ressurreição, os mistérios da nossa salvação e a renovação do universo, o Senhor, com todo o poder que adquiriu no céu e na terra, antes de subir ao céu, fundou a sua Igreja como sacramento de salvação e enviou os seus apóstolos a todo o mundo assim como ele tinha sido enviado pelo Pai, dando-lhes este mandato: ‘Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei’ (Mt 28,19-20); [...]” (Ad Gentes, n.5). Isso significa que todos os discípulos receberam, no santo Batismo, a missão de ser sal da terra e luz do mundo e, por isso mesmo, são missionários: o que precisa é despertar essa vocação.

Há, na Igreja, para o bem do Evangelho e do Reino, missionários locais (ad intra), que são aqueles que assumem a missão de viver e anunciar a Boa Nova de Jesus na própria comunidade onde atuam, e externos (ad extra), aqueles que sentiram o chamado de ir a outras cidades, Estados ou países para também viver e anunciar o Evangelho lá onde se sentiu impulsionado a ir: a diversidade e a luz do Espírito Santo é o que nos permite distinguir entre uma e outra ação missionárias, compreendendo que ambas são importantes e procedem do mesmo Senhor e do mesmo Espírito, e concorrem para o bem da mesma Igreja. “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos” (1Cor 12, 4-6).

Santa Teresinha do Menino Jesus, ensina-nos: “[...] Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno” (Da Autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus). De tal modo, compreendemos que, se o Espírito Santo é o Amor e é Ele que impulsiona o agir missionário da Igreja, em todos os povos (cf. At 1,8; 2,1-12); e quem, no mesmo Espírito, ama a Cristo e sua missão, dando ouvidos e ação à sua palavra (cf. Lc 5,5; Mt 28,19-20) aqui ou além, serve, de modo distinto, ao mesmo Senhor. O desafio maior do “ser missionário” da Igreja é que nem todos os batizados assumem a bom termo o discipulado de Jesus.

Compreendemos que uma Igreja missionária está sempre a serviço de Cristo, na Igreja, pelo bem do Reino. Se não houver missionários que tenha a ousada coragem de sair pelo mundo, não levamos a bom termo o mandato do Senhor, e pode ser que alguém, lá naquele lugar distante, não tenha a oportunidade de conhecê-Lo mais intimamente; por outro lado, se todos os membros da Igreja local saírem de seu âmbito eclesial para viver a missão além fronteiras, aquela Igreja local ficará desprovida de agentes pastorais. Por isso é que nunca devemos nos cansar de rezar e incentivar o espírito missionário em nossas comunidades, para que o Espírito Santo suscite, em cada época e em cada lugar, os preciosos dons ad extra e ad intra: ambos muito necessários para a mesma Igreja de Cristo. O que não pode acontecer é ficarmos inertes à voz do Senhor que nos chama.

Que o mesmo Espírito fecunde nosso espírito e nosso discipulado para vivermos Cristo em primeiro lugar e estejamos sempre prontos, aqui ou ali, a darmos razão de nossa esperança cristã (cf. 1Pd 3,15). Amém.

Oração do Mês Missionário 2016

Pai de misericórdia, que criaste o mundo

e o confiaste aos seres humanos.

Guia-nos com teu Espírito para que,

como Igreja missionária de Jesus,

cuidemos da Casa Comum com responsabilidade.

Maria, Mãe Protetora, inspira-nos nessa missão. Amém.


[*] Pe. Francisco Gilson de Souza Lima, Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Atibaia, na Memória de São Francisco de Assis, de 2016.


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