A Doutrina da Igreja não mudou

A Doutrina da Igreja não mudou

POSTADO EM 28 de Outubro de 2020


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                                                                  “Não tenha medo, pois eu estou com você” (Is 41, 10)


                                                                  Irmãos e Irmãs!
                                                                  Saudações fraternas!


                                                       Um documentário apresentando a vida e o ministério do Papa Francisco, começou a ser exibido em Roma, no dia 21 de outubro de 2020. Algumas questões abordadas pelo Papa, ganharam notoriedade por referirem-se à situações envolvendo as relações homoafetivas, o que causou um desconforto em alguns cristãos católicos, cristãos de outras Igrejas e pessoas de boa vontade, na compreensão do modo como o Papa se expressou.


                                                 1) Quanto aos homossexuais, o Papa acentuou que os mesmos, têm direito de fazer parte de uma família, porque são amados como filhos e filhas de Deus. Não podem ser expulsos de casa e entregues a uma vida marginalizada por conta do desejo e opção sexual. O Catecismo da Igreja Católica é bastante claro nesta questão ao revelar que mesmo na condição homossexual “pelas virtudes de alto domínio, educadoras da liberdade interior, às vezes pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem se aproximar gradual e resolutamente, da perfeição cristã” (CIC, nº2359);


                                                         2)Outro tema abordado pelo Papa são as uniões homoafetivas. “No decurso dos debates sobre a dignidade e a missão da família, os Padres sinodais anotaram, quanto aos projetos de equiparação ao matrimônio das uniões entre pessoas homossexuais, que não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. É totalmente inaceitável que as Igrejas locais (Dioceses) sofram pressões nesta matéria, e que os organismos internacionais condicionem as ajudas financeiras aos países pobres, à introdução de leis que instituam o „matrimônio? de pessoas do mesmo sexo” (Exortação Apostólica Amoris Laetitia – sobre o amor na família, do Papa Francisco, nº 251). Quanto a uma legislação para as uniões homoafetivas, o Papa entende que a mesma deve garantir seguridade, respeito, liberdade e oportunidade que toda pessoa merece por ser cidadão de direitos. E ele tem o direito de assim se expressar, o que não fere em nada a Doutrina da Igreja, que deve sempre “acolher, acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”. As uniões homoafetivas como também os homossexuais, devem ser amparadas pelo Estado. É o seu dever proteger a todos. Repetimos: Quanto à união civil, não foi equiparada pelo Papa ao sacramento do matrimônio.


                                                                  3) Em relação á união entre um homem e uma mulher, presente no Projeto do Criador, elevado a dignidade de Sacramento, o mesmo é sempre sinal da união de Cristo com a Igreja. Portanto, continua indissolúvel. Nada mudou ou mudará. Na mesma encíclica Amoris Laetitia, o Papa confirmou a indissolubilidade do matrimônio “o que Deus uniu, não o separe o homem” (Mt 19, 6) definindo-o ainda  com um dom concedido às pessoas que o contraem (cf Amoris Laetitia, nº 61-65).


                                                                A serenidade, a amabilidade e a solicitude pastoral, em relação às questões vitais, marcadas pelo sofrimento e os desafios do tempo presente, são uma marca indelével do Pontificado do Papa Francisco. Posicionando-se ao lado dos pobres e excluídos e marginalizados, sempre na perspectiva de uma Igreja em saída, que vai ao encontro do próximo, que defende a vida como dom e compromisso, abraça e promove a dignidade de todos, o Papa nos ensina que ninguém pode ser desamparado pelo Estado de Direito. Superando discriminações, preconceitos e reconhecendo o valor de cada ser humano e de toda criação, ele acredita que a humanidade poderá retomar a sua vocação de imagem e semelhança de Deus. Na sua última encíclica, Fratelli Tutti, aparece o seu desejo sincero de colocar toda a humanidade sob a misericórdia e a bondade de Deus, como caminho de salvação, o que muitos não estão compreendendo.


Confiemos na Igreja, amemos o Papa, sejamos todos irmãos.



†Sérgio

Bispo Diocesano de Bragança Paulista

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