Circular 01/2016

Circular 01/2016

POSTADO EM 21 de Janeiro de 2016


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Circular 01/2016

 Assunto: Orientações litúrgico-pastorais para o Ciclo Pascal

Bragança Paulista, 21 de janeiro 2016

Memória de Santa Inês, Virgem e Mártir



“...Igreja na Quadragésima, nos ‘quarenta dias do deserto’. Penso que nesse tempo do jejum deveríamos deixar-nos animar de novo e aceitar com paciência e fé esta nossa situação, seguindo sem temor o Deus envolvido em trevas. Se continuarmos a peregrinar com paciência e fé, também para nós, destas trevas poderá originar-se um dia novo. E o mundo luminoso de Deus, o mundo perdido das imagens e do som  como que nos será concedido de novo: um amanhecer novo na boa criação de Deus. Amém” (Bento XVI)      


Despojamento, sobriedade, recolhimento, “ares de deserto”, ausência de flores..., marcam a caminhada quaresmal.

A cor litúrgica é a roxa. Pode ser usada a cor rósea no Domingo Laetare – Quarto Domingo da Quaresma, “próximo ao grande dia”.

Quarta Feira de CINZAS e Sexta Feira Santa são dias de JEJUM e ABSTINÊNCIA. “...O jejum cristão tem de ser um sair libertador do próprio eu; inclui sempre a exigência de que seja um tempo de fecundidade em boas ações. ‘Boas ações’ – se hoje ouvimos estas palavras, facilmente, conforme o nosso temperamento, nos virá um sorriso ou um franzir da testa. Mas também aqui não deveríamos simplificar demais as coisas. Deveríamos olhar para os povos famintos ao redor de nós, em todo o mundo; talvez então o sorriso morreria depressa nos nossos lábios, pois nos daríamos conta de que não podemos encontrar um Deus misericordioso, estando fartos, enquanto os outros ao redor de nós sofrem fome” (Bento XVI). Retomar o significado do gesto da imposição das cinzas, preparadas com ramos de oliveira, outras plantas e palmas, bentos no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, como sinal do desejo sincero de conversão e do seguimento de Jesus. As cinzas que sobrarem, podem fazer parte da procissão das ofertas e, no final da celebração, levadas para as pessoas que não puderam participar.

Articular a Quaresma e a Campanha de Fraternidade com o tema: Casa Comum, nossa responsabilidade, e o lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24). “... Temos uma proposta emocionante: cuidar da Casa Comum que Deus nos deu e fazer dela um lugar saudável, no qual a fraternidade e a justiça corram como rios de agua viva. Que Deus nos ajude a viver com alegria e responsabilidade essa bonita missão!



Como sinal desse compromisso, propomos que durante a Quaresma realizemos o esforço de evitar o consumismo e o desperdício dos alimentos. Que façamos um Dia de Jejum, doando para os mais pobres o que não consumimos nesse dia e economizamos durante a Quaresma” (Texto – base da CF, no 195).

Na Quaresma, omitem-se o canto do Glória e o Aleluia.

A organização do espaço celebrativo, de modo despojado, com a predominância da cor roxa, que expressa a dimensão maior da penitência, austeridade e disposição à conversão, assim como todas as celebrações, deve apontar para o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. É nesse contexto que situamos a Quaresma. A Cruz, o Altar, o Ambão, a Cadeira Presidencial e a Pia Batismal devem ganhar destaque. Pode-se conservar o costume de cobrir as cruzes e imagens da Igreja. As cruzes permanecerão veladas até o fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta Feira Santa, as imagens até o início da Vigília Pascal (cf. Missal Romano- sábado da 4ª. Semana da Quaresma).

Moderar a altura dos instrumentos. Eles têm a finalidade de sustentar discretamente o canto.  O uso da bateria tem feito muito barulho e prestado muitas vezes um desserviço à Liturgia. Não usá-las no tempo da Quaresma seria salutar. A liturgia, mormente a Eucaristia, não é espetáculo, entretenimento, mas a celebração do Mistério de Cristo no tempo.

Durante a Quaresma, valorizar o Ato Penitencial, usando a criatividade nos gestos (ajoelhar-se, inclinar-se, aspersão do povo...). Embora não tenha a força de sacramento, o mesmo propicia a experiência da misericórdia de Deus, apelo à conversão e disposição interior para a participação na celebração eucarística. A Quaresma é sempre caminho pascal.

Onde houver o costume de entronizar a Palavra de Deus, lembro que a mesma (no Lecionário) deve ser conduzida na procissão de entrada com a Cruz e as velas. Insisto: É fundamental a preparação dos leitores, para que a Palavra de Deus seja proclamada, acolhida com alegria e compreendida por todos os que estão na assembléia, não simplesmente lida, e às vezes, muito mal, sem sentido. “... A proclamação litúrgica da palavra de Deus, principalmente no contexto da assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de catequese, como, sobretudo, o diálogo de Deus com seu povo, no qual se proclamam as maravilhas da salvação e se propõem continuamente as exigências da Aliança...” (EG, Nº137). Um breve silêncio após as leituras ou após a homilia, permite que o diálogo amoroso entre Deus e o seu povo atinja mais profundamente cada pessoa presente à assembleia litúrgica.

Valorizar o Salmo Responsorial, parte constitutiva da liturgia da Palavra. O mesmo pode ser recitado ou cantado, do Ambão ou Mesa da Palavra. Atenção: Consultar o Hinário-Litúrgico da CNBB, volume II, o CD próprio da Quaresma e o CD da CF 2016. Todo povo deve cantar a Liturgia, e não apenas um grupo de privilegiados como tenho observado em algumas     paróquias da Diocese. Na Quaresma é oportuno usar as Orações Eucarísticas da Reconciliação,  mais indicadas para esse tempo.

“A homilia é um retomar esse diálogo que já esta estabelecido entre o Senhor e o seu povo. Aquele que prega deve conhecer o coração de sua comunidade para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado e não pode dar fruto. A homilia não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um gênero peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro de uma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição. O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo. Quando a pregação se realiza no contexto da liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que




transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro”. (EG nos 137, 138).

A oração da CF pode  encerrar as preces dos fiéis ou ser recitada após a oração pós- comunhão.

Toda Comunidade Eclesial deve ser esclarecida e motivada, desde o começo da  Quaresma

      para o gesto concreto da CF.  São  muitos  os  modos  de  penitência,  partilha e solidariedade

        que podem colaborar para que a Igreja em todo o Brasil continue concretizando projetos de ação                                                                          evangelizadora na perspectiva social, sobretudo nas regiões mais carentes.

O gesto concreto da CF que pertence à Diocese será aplicado na formação de Agentes das Pastorais Sociais, mormente de lideranças paroquiais, ou na ajuda de algum projeto afim (CF/2016) a ser encaminhado pela Pastoral Social Diocesana. Os desafios são muitos. Tudo dependerá de nossa oferta generosa. É a dimensão social de Quaresma. Todos devem fazer a sua oferta no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, dia 20 de março, fruto da penitência quaresmal e não simplesmente uma esmola. Nenhuma Paróquia ou Comunidade pode omitir-se. Lembramos ainda a importância da coleta para os Lugares Santos, realizada na Sexta-Feira Santa.

A Quaresma é o tempo privilegiado para a preparação próxima aos Sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia. Que os membros da Comunidade que fizeram a preparação, segundo o Rito da Iniciação Cristã de Adultos – RICA, possam recebê-los na Vigília Pascal.

“Que a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a Misericórdia de Deus. Quantas páginas da Sagrada Escritura se podem meditar, nas semanas da Quaresma, para redescobrir o rosto misericordioso do Pai! Com as palavras do profeta Miquéias podemos também nos repetir: Vós, Senhor, sois um Deus que tira a iniquidade e perdoa o pecado, que não se obstina na ira, mas se compraz em usar misericórdia. Vós, Senhor, voltareis para nós e tereis compaixão do vosso povo. Apagareis as nossas iniquidades e lançareis ao fundo do mar todos os nossos pecados...” (cf. 7,18-19). “...Não me cansarei jamais de insistir com os confessores para que sejam um verdadeiro sinal da misericórdia do Pai...” (MV, nº17). Peço aos irmãos presbíteros que participem do mutirão para as confissões, já programadas. A “forania” de Atibia preparou um roteiro com celebrações penitenciais e está disponibilizando para toda a Diocese. (Os interessados procurar a Paróquia Cristo Rei).

Incentivar a Quaresma e a CF em FAMÍLIA com o exercício quaresmal privilegiado para esse tempo: a Via Sacra da Fraternidade.

A CF precisa acontecer fora dos ambientes eclesiais. Os presbíteros e agentes de pastoral empenhem-se para que a mesma aconteça junto às Escolas, Ambientes de Trabalho, nos Meios de Comunicação Social, Centros de Poder e de Decisão, Grupos da Sociedade, espaços relacionados à juventude e, onde for possível, junto a irmãos de outras Igrejas Cristãs.

O lançamento da CF pode ser feito na semana anterior à Quarta-Feira de Cinzas, com a presença da Comunidade, Autoridades, Membros de outras Igrejas Cristãs, MCS, etc. Nesta oportunidade, apresentar os objetivos da CF e todo material catequético-litúrgico.


SEMANA SANTA E TRIDUO PASCAL


“Na Última Ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o Sacrifício da Cruz, confiando destarte à Igreja, Sua dileta Esposa, o memorial de sua Morte e Ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vinculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de graça e nos é dado o penhor da glória futura.” (Sacrosanctum Concilum – sobre a Sagrada Liturgia, no. 47).





Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Benção e a Procissão dos Ramos são inseparáveis. Onde não houver procissão e Celebração Eucarística, não pode haver Benção dos Ramos (cf. Diretório Litúrgico – anotações para Domingo de Ramos na Paixão do Senhor).

Para MISSA do CRISMA, dia 23 de março, quarta-feira, às 19h30, na Sé Catedral, os párocos devem estar acompanhados com representantes leigos das respectivas paróquias, lembrando o caráter REAL, PROFÉTICO e SACERDOTAL de todo o Povo de Deus. Na mesma celebração os presbíteros renovam os seus compromissos sacerdotais e pastorais.

Na Quinta-Feira Santa, no final da celebração, não há benção final e nem procissão solene com o Santíssimo Sacramento na custódia ou ostensório. O tabernáculo deve estar vazio no início da celebração e, serem consagradas partículas para a própria celebração e para a comunhão na Sexta-Feira Santa. A reserva eucarística (que servirá para a comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na celebração da Paixão do Senhor) deve ser transportada numa âmbula maior coberta pelo véu umeral usado pelo sacerdote na transladação, até o local (capela, salão...) devidamente ornado, para a reposição. Onde houver a URNA, a reposição da âmbula com as espécies consagradas, seja efetuada na mesma. No lugar da urna, pode ser usado um sacrário maior. Onde não for possível nem urna e nem sacrário maior, a âmbula com a reserva eucarística permaneça coberta com um véu (conopéu) como é costume em nossas paróquias. Neste dia também não há exposição solene do SSmo. Sacramento. Os fiéis sejam exortados a fazer pelo menos uma hora de vigília, na quinta-feira, após a celebração da Ceia do Senhor, ou na sexta-feira pela manhã, em profunda comunhão com o Senhor em sua Paixão.

A cor usada na Solene Ação Litúrgica na Sexta-Feira Santa, às 15h, é a vermelha, ressaltando a realeza e o martírio de Jesus.

Valorizar a procissão da Sexta-Feira Santa com a imagem do Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores. A referida procissão está no coração do povo cristão católico e constitui-se numa oportunidade singular para evangelização sobre o significado do sofrimento, da morte e da vitória de Jesus. “...Deveríamos aprender – mais uma vez não só teoricamente, mas na modalidade do pensamento e da ação – que além da presença real de Jesus na Igreja, no Santíssimo Sacramento, existe aquela outra presença real de Jesus nos mínimos, nos mais espezinhados deste mundo, nos últimos nos quais Ele quer ser achado por nós. Acolher esta verdade de modo novo é a exigência decisiva que a sexta-feira santa nos faz ano por ano...” (Bento XVI).

Preparar o espaço celebrativo para a Solene Vigília Pascal – “mãe de todas as vigílias”. O Círio Pascal ornamentado deve permanecer junto ao Ambão e ser aceso em todas as celebrações do Tempo Pascal, apagado solenemente na missa vespertina do Domingo de Pentecostes, levado para junto da Pia Batismal e ser aceso nas celebrações do Batismo e da Crisma.

O Tríduo Pascal são os três dias de Cristo Crucificado, morto e ressuscitado.  Ele constitui-se numa unidade: tem início com a Solene Missa Vespertina da Ceia do Senhor, como centro a Vigília Pascal e, encerra-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição. Na Comunidade onde houver a celebração da Ceia do Senhor, deve haver a Solene ação Litúrgica na Paixão do Senhor e a Vigília Pascal. Os Ministros Leigos da Palavra e do Culto, nas suas respectivas comunidades, com anuência do Pároco, podem realizar o Tríduo Pascal, com as adaptações litúrgicas necessárias.

No tempo da Quaresma e da Páscoa, para a Benção final, utilizar as orações sobre o povo e as Bênçãos próprias do tempo litúrgico (cf. Missal Romano p. 531 e PP. 521 – 523).

      “...Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz...” (Jo 13,15).



Dom Sérgio Aparecido Colombo

Bispo Diocesano

“Como aquele que serve”

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