Circular 01 de Dom Sérgio Aparecido Colombo 2017

Circular 01 de Dom Sérgio Aparecido Colombo 2017

POSTADO EM 02 de Fevereiro de 2017

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                                                                                                                                              Circular 01/2017

                                            Assunto: Orientações litúrgico-pastorais para o Ciclo Pascal

                                                                      Bragança Paulista, 02 de fevereiro 2017



                                                                      Festa da Apresentação do Senhor

                                                                      

“... Caríssimos, vós que vos empenhais em celebrar a Páscoa do Senhor exercitai-vos através dos santos jejuns de modo que chegueis à mais santa de todas as festas, livres de todas as perturbações. O desejo da humildade expulse o espírito de soberba, fonte de todos os pecados, e a mansidão aquiete aqueles que foram dominados pelo orgulho. Aqueles cujas almas ficaram exasperadas por alguma ofensa, reconciliados entre eles, procurem voltar para a unidade da concórdia. ‘A ninguém pagueis o mal com o mal’ (Rm 12, 17), mas perdoai-vos mutuamente como Cristo nos perdoou, apagai com paz as inimizades humanas; e, se alguns dentre vossos subordinados merecer a prisão ou as correntes, perdoai-os misericordiosamente: de modo que nós que todos os dias precisamos dos remédios da indulgência, perdoemos sem dificuldades as faltas dos outros. Se dizemos ao Senhor nosso Pai: ‘Perdoa-nos as nossas dividas, como nós perdoamos aos nossos devedores’ (Mt 6, 12) é absolutamente certo que concedendo o perdão às faltas dos outros, preparamos para nós mesmos a clemência divina. Por nosso Senhor Jesus Cristo, que com o Pai e o Espírito Santo, vive e reina pelos séculos e séculos. Amém”. (São Leão Magno – sexto sermão sobre a Quaresma).


TEMPO DA QUARESMA


“... A Quaresma nos provoca e convoca a conversão, mudança de vida: cultivar o caminho do segmento de Jesus Cristo. Os exercícios do cultivo que a Igreja nos propõe no tempo da Quaresma, são aqueles que abrem nossa pessoa à graça do encontro: jejum, oração e esmola. Jejum: esvaziamento, expropriação, libertação e não privação. O jejum abre nossa pessoa para receptividade da vida em Cristo. Oração: súplica de exposição na tentativa de ser atingido pela misericórdia. Esmola: partilha - é amor partilhado. Deixar-se tocar pela presença do mendigo que cuida do doador” (Texto Base da Campanha da Fraternidade – apresentação).


01. A simplicidade e o despojamento, com a ausência de flores na ornamentação do espaço celebrativo, marcam o estilo de vida da comunidade nesse tempo de caminhada para Páscoa.

02. A cor litúrgica roxa não é sinônimo de tristeza, mas de sobriedade e de austeridade. Pode ser usada a cor rósea no Domingo Laetare – Quarto Domingo da Quaresma, “próximo ao grande dia”.

03. Quarta Feira de CINZAS e Sexta Feira Santa são dias de JEJUM e ABSTINÊNCIA. “...

A autentica identidade da fé e da Igreja está nas práticas cúlticas, nas rezas e jejuns. Estes são sinais ambíguos; também os pecadores podem práticar a piedade, mas não agradam a Deus. O que agrada a Deus? Responde nos o profeta: repartir o pão com o faminto, acolher os pobres, vestir os desnudos, libertar os oprimidos, renunciar aos propósitos da dominação (Is 58, 7.10). São as práticas éticas, o bem fazer que garantem a verdade da atitude religiosa da Igreja. Garantidas as práticas boas, só então o culto, a oração e as penitências ganham valor, na medida em que expressam o coração reto e a vida bem ordenada e na medida que são súplicas para que Deus nos dê forças para vivermos bem e sermos solidários com todos os homens e as mulheres, especialmente os mais desvalidos e desvalidas...” (Leonardo Boff – a Mesa da Palavra, Ano A, p. 311-312). Retomar o significado do gesto da imposição das cinzas, preparadas com ramos de oliveira, outras plantas e palmas, bentos no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, como sinal do desejo sincero de conversão e do seguimento de Jesus.

04. Articular a Quaresma e a Campanha de Fraternidade com o tema: Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida, e o lema: cultivar e guardar a criação (Gn 2, 15). “... Cultivar e guardar nasce da admiração! A beleza que toma o coração faz com que nos inclinemos com reverência diante da criação. A Campanha deseja, antes de tudo, levar a admiração para que todo cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, a cultivar e a guardar...” (Texto Base  - apresentação).

05. Na Quaresma, omitem-se o canto do Glória e o Aleluia.

06. Moderar a altura dos instrumentos. Eles têm a finalidade de sustentar discretamente o canto.  O uso descomedido e inconveniente da bateria tem feito muito barulho e prestado muitas vezes um desserviço à Liturgia. Não usá-las no tempo da Quaresma seria salutar. A liturgia, mormente a Eucaristia, não é espetáculo, entretenimento, mas a celebração do Mistério de Cristo no tempo. Ela está pedindo mais silêncio.

07. Durante a Quaresma, valorizar o Ato Penitencial, usando a criatividade nos gestos (ajoelhar-se, inclinar-se, aspersão do povo...). Embora não tenha a força de sacramento, o mesmo exprime a “...consciência de pertencer desde já ao mundo novo nascido da morte e ressurreição de Jesus, e a necessidade de acompanhar com perseverança e humildade o processo ainda incompleto da nossa conformação a Cristo, o homem novo...” (Roteiro Homilético para Quaresma – Ano A, 2017).

08. Onde houver o costume de entronizar a Palavra de Deus, lembro que a mesma (no Lecionário) deve ser conduzida na procissão de entrada com a Cruz e as velas. Insisto: É fundamental a preparação dos leitores, para que a Palavra de Deus seja proclamada, acolhida com alegria e compreendida por todos os que estão na assembléia, não simplesmente lida, e às vezes, muito mal, sem sentido. “... A proclamação litúrgica da palavra de Deus, principalmente no contexto da assembleia eucarística, não é tanto um momento de meditação e de catequese, como, sobretudo, o diálogo de Deus com seu povo, no qual se proclamam as maravilhas da salvação e se propõem continuamente as exigências da Aliança...” (EG, Nº137). “... O silêncio hoje é o grande ausente, é  condição essencial para colocar-se na escuta sincera do Senhor, da sua voz que sobe do íntimo da consciência, da sua Palavra meditada e rezada, bem como através dos acontecimentos. Momentos de silêncio durante as celebrações: ao inicio, para entrar bem na celebração, depois das leituras, depois da comunhão. Evitar excessivas explicações durante a celebração. Deixar falar o RITO. Não se cria silêncio interior,  se não se cultiva também o silêncio fora de nós. Neste tempo, seria útil praticar a distância dos instrumentos sem número que invadem nosso espaço vital: TV, internet, rádio, iPod etc. É uma forma inteligente e atualizada de praticar um ‘jejum’ verdadeiramente saudável...” ( Roteiro Homilético para Quaresma – Ano A, 2017).

09. Valorizar o Salmo Responsorial, parte constitutiva da liturgia da Palavra. O mesmo pode ser recitado ou cantado, do Ambão ou Mesa da Palavra. Atenção: Consultar o Hinário-Litúrgico da CNBB, volume II, o CD próprio da Quaresma. Todo povo deve cantar a Liturgia, e não apenas um grupo de privilegiados como tenho observado em algumas paróquias da Diocese. Na Quaresma é oportuno usar as Orações Eucarísticas da Reconciliação,  mais indicadas para esse tempo.

10. Atenção para a homilia “... que é sempre diálogo amoroso comprometedor entre Deus e seu povo. Um diálogo fraterno continuando o assunto da conversa que Deus vem fazendo conosco através das leituras e dos fatos da vida. Ela tece harmoniosamente uma relação entre a Bíblia, a celebração e a vida. Estabelece um elo entre a proposta de Deus e a resposta da assembleia. A homilia é ação simbólica assim como cada momento da liturgia da palavra. Não pode ser confundida com sermão, discurso temático ou pregação com caráter moralizante. Não é estudo bíblico ou catequético nem reflexão e, muito menos, deve ser substituída por desabafos pessoais de quem a faz. É mais do que explicação dos textos bíblicos. Ela deve fazer arder os corações, abrindo-os a conversão, a transformação pessoal, comunitário social...” (cf. Liturgia em mutirão – subsídios para formação – CNBB, páginas 113 – 114).     

11. A oração da CF pode  encerrar as preces dos fiéis ou ser recitada após a oração pós- comunhão.

12. Toda Comunidade Eclesial deve ser esclarecida e motivada, desde o começo da  Quaresma para o gesto concreto da CF.  São  muitos  os  modos  de  penitência,  partilha e solidariedade que podem colaborar para que a Igreja em todo o Brasil continue concretizando projetos de ação evangelizadora na perspectiva social, sobretudo nas regiões mais carentes. O gesto concreto da CF que pertence à Diocese será aplicado na formação de Agentes das Pastorais Sociais, mormente de lideranças paroquiais, ou na ajuda de algum projeto afim (CF/2017) a ser encaminhado pela Pastoral Social Diocesana. Os desafios são muitos. Tudo dependerá de nossa oferta generosa. É a dimensão social de Quaresma. Todos devem fazer a sua oferta no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, dia 9 de abril, fruto da penitência quaresmal e não simplesmente uma esmola. Nenhuma Paróquia ou Comunidade pode omitir-se. Lembramos ainda a importância da coleta para os Lugares Santos, realizada na Sexta-Feira Santa, e que tem colaborado para dirimir situações que envolvem refugiados e comunidades cristãs perseguidas, a começar da própria Terra Santa.

13. “... Não podemos ainda nos esquecer, que a liturgia quaresmal do Ano A, oferece um itinerário catecumenal por excelência, onde a cada domingo a Palavra e a comunidade orientam, preparam e acolhem os que serão batizados na grande Vigília Pascal. As celebrações estão indicadas e orientadas no Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos (RICA) que consta nesse tempo do ‘rito de eleição’ que poderá acontecer no primeiro domingo da Quaresma e dos escrutínios realizados no terceiro, quarto e quinto domingo da Quaresma”. (Roteiros Homiléticos para Quaresma, p. 11).     

14. Peço aos irmãos presbíteros que participem do mutirão para as confissões, já programadas nas regiões pastorais. “...De um coração silenciado e atento, brota a exigência e a capacidade de olhar com humildade para dentro de nós, reconhecer as ambiguidades do pecado que nos ocupa, e celebrar a reconciliação  para com o Senhor e com os irmãos, através da celebração do sacramento da reconciliação e outras celebrações penitenciais” (Roteiros Homiléticos para Quaresma, p. 11). O povo em nossas comunidades espera esse nosso gesto.

15. Incentivar a Quaresma e a CF em FAMÍLIA com o exercício quaresmal privilegiado para esse tempo: a Via Sacra da Fraternidade.

16. A CF precisa acontecer fora dos ambientes eclesiais. Os presbíteros e agentes de pastoral empenhem-se para que a mesma aconteça junto às Escolas, Ambientes de Trabalho, nos Meios de Comunicação Social, Centros de Poder e de Decisão, Grupos da Sociedade, espaços relacionados à juventude e, onde for possível, junto a irmãos de outras Igrejas Cristãs.

17. O lançamento da CF pode ser feito na semana anterior à Quarta-Feira de Cinzas, com a presença da Comunidade, Autoridades, Membros de outras Igrejas Cristãs, MCS, etc. Nesta oportunidade, apresentar os objetivos da CF e todo material catequético-litúrgico.


SEMANA SANTA


“... Na Semana Santa a Igreja celebra os mistérios da salvação, levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida a começar pelo ingresso messiânico em Jerusalém. O tempo quaresmal continua até a Quinta-feira Santa. A partir da missa vespertina ‘in Cena Domini’ inicia-se o Tríduo Pascal que abrange a Sexta-feira Santa ‘da Paixão do Senhor’ e o Sábado Santo, e tem o seu centro na vigília pascal, concluindo-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição. ’Os dias feriais da Semana Santa, de segunda-feira a quinta-feira inclusive, tem precedência sobre todas as outras celebrações. É oportuno que nesses dias não se celebre nem o batismo nem a confirmação”. (Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais – Congregação para o culto divino, nº 27).


18. Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor. A Benção e a Procissão dos Ramos são inseparáveis. Onde não houver procissão e Celebração Eucarística, não pode haver Benção dos Ramos (cf. Diretório Litúrgico – anotações para Domingo de Ramos na Paixão do Senhor).

19. Para MISSA do CRISMA, dia 12 de abril, quarta-feira, às 19h30, na Sé Catedral, os párocos devem estar acompanhados com representantes leigos e leigas das respectivas paróquias, lembrando o caráter REAL, PROFÉTICO e SACERDOTAL de todo o Povo de Deus. Na mesma celebração os presbíteros renovam os seus compromissos sacerdotais e pastorais.


TRÍDUO PASCAL


“Na Última Ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e Sangue. Por ele, perpetua pelos séculos, até que volte, o Sacrifício da Cruz, confiando destarte à Igreja, Sua dileta Esposa, o memorial de sua Morte e Ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vinculo de caridade, banquete pascal, em que Cristo nos é comunicado em alimento, o espírito é repleto de graça e nos é dado o penhor da glória futura.” (Sacrosanctum Concilum – sobre a Sagrada Liturgia, no. 47).


20. Na Quinta-Feira Santa, no final da celebração, não há benção final e nem procissão solene com o Santíssimo Sacramento na custódia ou ostensório. O tabernáculo deve estar vazio no início da celebração e, serem consagradas partículas para a própria celebração e para a comunhão na Sexta-Feira Santa. A reserva eucarística (que servirá para a comunhão dos fiéis na Solene Ação Litúrgica na celebração da Paixão do Senhor) deve ser transportada numa âmbula maior coberta pelo véu umeral usado pelo sacerdote na transladação, até o local (capela, salão...) devidamente ornado, para a reposição. Onde houver a URNA, a reposição da âmbula com as espécies consagradas, seja efetuada na mesma. No lugar da urna, pode ser usado um sacrário maior. Onde não for possível nem urna e nem sacrário maior, a âmbula com a reserva eucarística permaneça coberta com um véu (conopéu) como é costume em nossas paróquias. Neste dia também não há exposição solene do SSmo. Sacramento. Os fiéis sejam exortados a fazer pelo menos uma hora de vigília, na quinta-feira, após a celebração da Ceia do Senhor, ou na sexta-feira pela manhã, em profunda comunhão com o Senhor em sua Paixão.

21. A cor usada na Solene Ação Litúrgica na Sexta-Feira Santa, às 15h, é a vermelha, ressaltando a realeza e o martírio de Jesus.

22. Valorizar a procissão da Sexta-Feira Santa com a imagem do Senhor Morto e Nossa Senhora das Dores. A referida procissão está no coração do povo cristão católico e constitui-se numa oportunidade singular para evangelização sobre o significado do sofrimento, da morte e da vitória de Jesus. “...Deveríamos aprender – mais uma vez não só teoricamente, mas na modalidade do pensamento e da ação – que além da presença real de Jesus na Igreja, no Santíssimo Sacramento, existe aquela outra presença real de Jesus nos mínimos, nos mais espezinhados deste mundo, nos últimos, nos quais Ele quer ser achado por nós. Acolher esta verdade de modo novo é a exigência decisiva que a sexta-feira santa nos faz ano por ano...” (Bento XVI).

23. Preparar o espaço celebrativo para a Solene Vigília Pascal – “mãe de todas as vigílias”. O Círio Pascal ornamentado deve permanecer junto ao Ambão e ser aceso em todas as celebrações do Tempo Pascal, apagado solenemente na missa vespertina do Domingo de Pentecostes, levado para junto da Pia Batismal e ser aceso nas celebrações do Batismo e da Crisma.

24. O Tríduo Pascal são os três dias de Cristo Crucificado, morto e ressuscitado.  Ele constitui-se numa unidade: tem início com a Solene Missa Vespertina da Ceia do Senhor, como centro a Vigília Pascal e, encerra-se com as vésperas do Domingo da Ressurreição. Na Comunidade onde houver a celebração da Ceia do Senhor, deve haver a Solene ação Litúrgica na Paixão do Senhor e a Vigília Pascal. Os Ministros Leigos da Palavra e do Culto, nas suas respectivas comunidades, com anuência do Pároco, podem realizar o Tríduo Pascal, com as adaptações litúrgicas necessárias.


TEMPO PASCAL


25. “... A celebração da Páscoa continua durante o tempo pascal. Os cinquenta dias que vão do Domingo da Ressurreição até o Domingo de Pentecostes, são celebrados com alegria e como um só dia festivo, antes como o ‘grande domingo’. Os domingos deste tempo devem ser considerados como ‘domingos de Páscoa’ e tem precedência sobre qualquer festa do Senhor e qualquer Solenidade. As solenidades que coincidem com estes domingos são celebrados no sábado anterior. As festas em honra da bem aventurada Virgem Maria ou dos Santos, que ocorrem durante a semana não podem ser transferidas para estes domingos” . (  Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais – Congregação para o culto divino, nº 100 – 101).

26. No tempo da Quaresma, na Paixão do Senhor, na Vigília pascal e dia de Páscoa, no tempo pascal, na Ascensão do Senhor e Pentecostes, utilizar as bênçãos solenes propostas no Missal Romano. 


“...Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim...” (Jo 13, 1).


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