Inauguração da Fazenda da Esperança em Mairiporã

Inauguração da Fazenda da Esperança em Mairiporã

POSTADO EM 21 de Março de 2017

Dom Sérgio celebra na inauguração da Fazenda da Esperança em Mairiporã

 Dom Sérgio celebra na inauguração da Fazenda da Esperança em Mairiporã

Dia 11 de março a Diocese de Bragança Paulista ganhou um grande presente, foi inauguradaa 123ªFazenda da Esperança, na cidade de Mairiporã-SP. O bispo dom Sérgio Colombo presidiu a missa, concelebrada por padres da região e convidados, junto com diáconos e seminaristas. Estavam presentes o fundador da entidade, Nelson, frei Hans fundador, e os familiares de Henrique Simões Videira (falecido), doador dapropriedade, sua esposa Erotildes, sua filha Cleide e o esposo Neto e uma neta.

A nova fazenda fica no bairro Rio Acima, cerca de 10 km do centro de Mairiporã,Encravada numa linda paisagem na Serra da Cantareira, esta é a 123ª Fazenda daEsperança, local de recuperação de dependentes químicos. A chegada ao local nãofoi fácil, depois de enfrentar uma estrada castigada pelas chuvas, dificultando o acesso. E, vencendo a lama, enfrentamos a longa ladeira para chegar à sede da fazenda.

Valeu o sacrifício! A celebração de inauguração foi um belo momento de ação de graças pela chegada de um projeto de 34 anos que já recuperou milhares de pessoas através do amor e dedicação de gente abnegada e preocupada com cada um que chega em busca de ajuda.

DomSérgio, bispo da diocese de Bragança Paulista, em sua homilia falou da alegria em acolher a Fazenda da Esperança em seu território de atuação: "se hoje eu for transferido para outro lugar, vou feliz por ter podido colaborar e acolher uma entidade que tanto bem faz aos nossos filhos e filhas".

Ao final da missa, houve homenagem aos voluntários que fazem parte do Grupo Esperança Viva-GEV que trabalharam para colocar tudo em ordem para a fazenda começar a funcionar. E, homenageou a família de Henrique, que ainda em vida manifestou o desejo de doar a propriedade. Cleide, sua filha, explicou como se deu a doação: "papai pensou em fazer a doação. Passamos por uns três processos de tentativa que não deram certo. Depois de sua morte, eu já tinha aquilo decididona minha cabeça, mas não sabia para quem doar. E Deus vai falando aos pouquinhos e a ideia amadurecendo, foi quando decidi que aqui seria um local para recuperação de pessoas. E, um dia, visitando as irmãs salesianas da Lapa em São Paulo, comentei sobre esta vontade e, ela falou do frei Hans, da Fazendada Esperança. Eu disse que não conhecia. Ela pegou um guardanapo e escreveu onome e disse: "procura na internet que você vai encontrar'.

E foi assim, procurei na Internet, liguei, mas o frei não estava. O padre Luis meatendeu e ele foi tão rápido que logo ele e o padre Cristian apareceram na minha frente e as coisas caminharam sob a bênção e a graça de Deus. Eu agradeço todos os dias poder passar este lugar para alguém e algum trabalho que a gente pode confiar".

PadreLuiz, presidente da entidade, explicou que a pressa em encaminhar o processo de doação e implantação é justamente pela necessidade: "no dia seguinte emque a Cleide ligou, eu passei para o Francisco que é responsável da comunidade onde moro, com 120 acolhidos, o pedido de uma família para que acolhesse um parente, que disse que não tinha mais vaga. O que fazer, que resposta dar? Quis encaminhar para outro estado, mas era muito difícil para a família, e estávamos nesta situação. Por isto fomos rápido, vi que era um sinal de Deus e marcamos o encontro para conhecer e Deus foi fazendo as coisas acontecerem. E fomos fazendo de tudo para organizar a casa".

O prefeito de Mairiporã, Antônio Shigueyuki Aiacyda, presente na celebração, também se mostrou feliz por receber uma Fazenda da Esperança: "é uma alegria muitogrande estar participando desta missa de ação de graças. Momento que podemos agradecer a Deus por termos conseguido esta propriedade muito rica que é esta fazenda. Ela vai trazer benefícios para as pessoas que necessitam de socorro e para isto precisamos de uma entidade de credibilidade. Deixo aqui o meu apoio eo compromisso de tudo o que estiver ao alcance da Prefeitura, não medir eiesforços para ajudar".

A Fazendada Esperança começou há 34 anos, como explicou Nelson Giovanelli Rosendo, cofundador: "esta experiência que estamos tendo a graça de viver, junto com Frei Hans há mais de 30 anos, me fez lembrar agora que, em 12/5/2007- Bento XVI visitou a Fazenda Esperança na Serrinha (Guaratinguetá-SP) e ele deu o nome que eu quero dar para Dona Erotildes (esposa de Hernrique) e todos vocês: sejam'Embaixadores da Esperança'.

Quando o papa deu este nome, intuiu aquilo que tinha acontecido desde que o Antonio chegou para nós, em 29/6/1983 - nascimento da Fazenda da Esperança - ele disse: Nelson eu não aguento mais ver minha mãe chorar e sofrer, preciso de alguém que me acompanhe 24 horas, me leve com você para onde quiser. Eu não sabia para onde levá-lo. Eu tive claro que o lugar era o altar. Convidei-o para participar da missa do dia seguinte e depois levei-o para casa. Dois lugares fazem com que estes jovens encontrem 24 horas por dia Cristo no lar e Cristo na igreja.

Essas pessoas que acolhem os jovens são vocês os embaixadores da esperança. São 33 anos que me emociono quando ouço depoimentos como os dados aqui. Homens e mulheres que aceitaram o convite do papa bento XVI e se tornaram embaixadores da esperança".

Frei HansStapel referência quando se fala nas fazendas, foi o último a falar: "agradeço ao bispo dom Sérgio e aos padres, vocês são muito importantes para a fazenda. Não é possível a recuperação dos jovens sem apoio dos padres. Eles precisam do perdão de Deus através de vocês e da Eucaristia que é o remédio para cura. Tenham a coragem de deixar as 99 ovelhas na paróquia, enfrentar esta estrada para se chegar aqui. Com este Deus que vocês podem dar, a recuperação acontece.

Quando começamos se pensava tudo tem que ter psicologia, medicina, sim ajuda, mas a recuperação sem Deus, sem a espiritualidade profunda - que não depende da igreja, pode ser de várias crenças – mas sem esta profunda espiritualidade que é amar, não tem recuperação.

Para mim,todos os drogados e alcoólatras, dão um grande grito por amor, não encontrar uma saída para amar. E aprendem na fazenda a sair de si, através do Evangelho, todas as frases do evangelho nos levam ao irmão, nenhuma frase se ouve dizer'cuidado de mim'.

Quando começamos, eu lembro, a casa era pequena, alugada e numa festa eu disse aopovo: precisamos de uma fazenda e não demorou muito, recebi um convite de uma mulher muito rica. Confesso que pensei que iria sair alguma coisa. E no almoço, depois da oração ela disse: eu te convidei para dizer para de pedir, você está ficando louco, ninguém vai dar uma fazenda, você sabe quanto vale uma fazenda? Ela estragou todo o meu apetite, falou todo o tempo. Mas no meu coração eu dizia: Deus, não é possível que ninguém te ame mais que a uma fazenda? Ela passa, ninguém leva.

Não demorou muito, vieram as fazendas. Além das mais de 120 que funcionam, já temos 60 doadas.

Fico contente com mais uma fazenda e peço a todos, não desanimem, sejam generosos, aproveitem esta vida que passa tão rápida. Em pouco tempo ninguém estará aqui e ninguém levará nada. Então, aproveitando o tempo para fazer o bem eu chamo inteligência. Quem guarda dinheiro não tem fantasia, não tem inspiração, em breve vai ver que foi burrice.

Aqui tudo é muito bonito, mas para acolher aqueles que nos procuram, eu sinto que precisará em breve maus uma ou duas casas, ou mais.

Quando o grupo é pequeno demais, a recuperação é mais difícil, então, se alguém se sente chamado, escuta a voz de Deus pedindo para doar, façam isto, colaborem.

De tudo que vocês fazem, eu agradeço muito. E se tem alguém que precisa se recuperar e aqui não tiver lugar, vocês conhecem a nossa agenda com todos os endereços das fazendas da esperança.

Vamos aproveitar esta breve vida. Obrigado a cada um de vocês aqui presentes. Vocês dão ânimo para estes jovens, incentivando-os a não desistirem, dizendo - vão em frente, é possível recomeçar".

 Inauguração da Fazenda da Esperança em Mairiporã

Depoimento de um voluntário

Domingos Rodrigues Lopes – português, nascido em Guimarães, próximo ao Porto.

Conheceu a Fazenda da Esperança no Brasil quando veio para aprofundamento da  espiritualidade do Movimento dos Focolares: "eu me encantei e há três anos eu sirvo, na verdade é a fazenda que me serve e se serve de mim para que todos possam ter mais esperança".

Questionado sobre o que motivava um europeu a estar ali, como voluntário no meio da Serra da Cantareira, ele respondeu:

"Esta pergunta eu tenho feito para mim nos últimos três anos e a resposta é: o que me fez estar aqui neste momento é a vontade de querer ver os outros bem e ver isto me fazer tao bem. E, desde que conheci a fazenda da esperança eu percebi que este é um lugar onde a bondade acontece todo dia.

Estamos demasiadamente habituados a ver jovens caídos por causa das drogas e isto nos incomoda, passamos ao lado e até achamos que eles deveriam ser retirados de alguns lugares porque criam mal estar e enfeiam as ruas. Poucos de nós percebem que se eles estão ali não é por vontade própria ou por conta de uma decisão. É porque a sua história os levou a tentar encontrar nas drogas um pouco de refúgio e alívio para alguma dor.

A partir do momento que a gente para e escuta a história de alguém que está no mundo das drogas, ele vai se encontrar com ele próprio e aqui na Fazenda da Esperança é o que acontece. As pessoas se descobrem na sua originalidade, percebem quem são. E, ao descobrirem quem são, percebem que a droga não faz parte da vida deles, é um apêndice que pode ser tirado que não precisa estar grudado como uma mochila que carrego ao longo da minha vida.

Durante tanto tempo carregaram esta mochila que pensaram que fazia parte do corpo dele se portanto podem libertar-se dela através da doação ao outro, através do amor.

E é por isto que estou aqui em Mairiporã, no meio da serra lindíssima da Cantareira ecom esta esperança para tanta gente que aqui vai recuperar a sua vida".

 

AdemirMunhoz

Jornalista

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