O CUIDADO DE FRANCISCO

O CUIDADO DE FRANCISCO

POSTADO EM 18 de Setembro de 2015


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Desde o começo de sua missão como Bispo de Roma – e segundo a Tradição Apostólica – sucessor de Pedro para ser ponto de unidade na Igreja e confirmar seus irmãos na fé (Mateus 16,18-20; João 21,15-17), o Papa Francisco tem tido uma preocupação marcante: que a Igreja manifeste o amor, a bondade, a misericórdia de Deus para com todas as pessoas. São muitas as suas manifestações, exortações nesse sentido. Quero lembrar três das suas preocupações mais recentes: a proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia; o empenho para a acolhida dos refugiados, vítimas das guerras no Oriente Médio e imigrantes de vários países da África e Ásia, em razão de graves problemas de corrupção, perseguição de minorias, etc., e a simplificação da burocracia que se refere ao processo de Nulidade Matrimonial.  Ele faz a gente lembrar que na Bíblia a fonte de compreensão da misericórdia é a palavra “rahamin”. Esta faz referência às entranhas, um amor visceral como o amor da mãe pelo filho. E isso faz a gente recordar o que diz o profeta Isaias (49,15): “Por acaso uma mulher se esquecerá da sua criancinha de peito? Não se compadecerá ela do filho de seu ventre? Ainda que as mulheres se esquecessem, eu não me esqueceria de ti”. No Ano Jubilar, a ter início no dia 8 de dezembro e que irá até o domingo de Cristo Rei de 2016, será possível vivência maior do Sacramento da Penitência e, ao mesmo tempo, um revigoramento da riqueza das Indulgências que poderão ser obtidas pela prática de atos de piedade e caridade. Pretendo abordar o tema das Indulgências em outra ocasião. Para quem desejar mais informações sobre o ano jubilar e sua intencionalidade recomendo a leitura do documento que o Papa escreveu (O rosto da misericórdia) que é facilmente encontrável. Quanto ao acolhimento dos refugiados e imigrantes o Papa tem insistido de forma muito clara. E, muitas vezes, tem sido criticado pelos grupos xenófobos que estão pipocando por toda a Europa. Mas ele vai fazendo e indicando caminhos. Seu último pedido é que as paróquias e instituições eclesiais acolham as famílias que puderem. Quanto à modificação da legislação sobre o processo de nulidade matrimonial sua indicação é que agora caberá ao Bispo de cada Diocese, auxiliado por sacerdotes ou leigos, promover o encaminhamento dos casos e, quanto possível, sempre gratuitos. E que os casos sejam resolvidos na diocese. Com isto o Papa Francisco deu uma resposta às preocupações que surgiram quando da realização da III Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, realizada em outubro de 2014, em Roma, e que tornou clara a dificuldade de membros da Igreja terem acesso aos tribunais eclesiásticos. Já fazia tempo que se apresentava a necessidade de tornar mais ágil a solicitude para os muitos casos de separações de casais. Embora tenham sido criados diversos tribunais em nosso país o encaminhamento dos processos era moroso no que se refere ao colhimento de provas, mobilidade para as audiências e, também, o custo financeiro. O cuidado do Papa Francisco é o de tornar possível um atendimento mais próximo, mais pessoal que burocrático, de modo a auxiliar àqueles que querem seguir os caminhos do Senhor possam superar obstáculos que tenham surgido diante da celebração de um sacramento que não existiu por erros humanos. O Papa afirma que o Bispo e os párocos devem seguir com ânimo apostólico os casais separados ou divorciados que por sua condição tenham eventualmente abandonado a prática religiosa. Não se trata nesta atitude pastoral de tornar menor o caráter indissolúvel e fiel do sacramento do matrimonio. Trata-se de dar auxílio para corrigir situações que geraram sofrimento e dor a partir de alicerces mal colocados quando do casamento.  O rosto materno e paterno de Deus deve resplandecer nas atitudes de todos os cristãos para que os que estão afastados da Igreja, por qualquer razão, percebam que ela é a concretização de quem deve anunciar a Boa Nova “aos que estão perto e aos que estão longe” (Efésios 2,17). Esse é o cuidado, o zelo, a preocupação do Papa.

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