COM OS OLHOS DO CORAÇÃO!

COM OS OLHOS DO CORAÇÃO!

POSTADO EM 09 de Outubro de 2015


Image title

Nestes dias aconteceu encontro de um grupo de mulheres, companheiras dos tempos de escola na infância e juventude. Caminharam juntas até o que chamamos ensino médio em nossos dias. Hoje estão na faixa dos sessenta anos. Casadas, viúvas, com filhos formados. Profissionalmente aposentadas. Algumas ainda em atividades de trabalho. Um grupo alegre que conservou o gosto de se encontrar. Uma delas me disse que as amigas continuavam iguais, até na fisionomia, aos tempos da juventude! Percebi que ela falava com os olhos do coração. Para superar o olhar fixado nas marcas do tempo só mesmo um olhar feito de muito amor: um olhar que tem sua fonte no coração. Isso me inspirou a escrever estas linhas. O coração é um símbolo muito forte para expressar amor, carinho, afeto. Muito utilizado também comercialmente. Sua presença inunda vitrines nos Dia dos Namorados, Dia das Mães, etc. E é também um jeito de falar da alegria em eventos mais diversos. Quem não vê o símbolo na junção das duas mãos, dos indicadores e polegares? Parece que temos que reaprender a olhar a realidade com o coração. Não à toa temos uma palavra profundamente rica, carregada de significado: misericórdia! Uma expressão profundamente humana. Também profundamente religiosa. De forma simples podemos vê-la como composição de um verbo (colocar) e de um substantivo (coração). Colocar o coração naquilo que pensamos, fazemos, julgamos, propomos. Penso que se colocássemos o coração em nossas vidas encontraríamos os valores de fundo a preservar: a dignidade humana. Acompanhamos a entrada da Rússia (agora de forma visível) no conflito que envolve o povo sírio. Já existe uma coalizão formada por países da Europa e EUA. Percebe-se que os objetivos não convergem. Uma ala apoia o atual presidente; a outra acha que a solução está em sua saída do poder. No meio está o Estado Islâmico, aproveitando-se para espalhar o terror. Soma-se a presença dos curdos que desejam preservar suas regiões. O que temos? Mais de trezentos mil mortos e vários milhões de sírios em fuga, buscando preservar suas vidas. As razões da guerra? Certamente o posicionamento geopolítico e os interesses econômicos. Poder e dinheiro prevalecem. Onde está o olhar do coração? Passo para outra realidade. Começou, em Roma, o Sínodo dos Bispos (representantes do mundo inteiro) para encaminhar orientação sobre a família. Pipocam nos meios de comunicação a realidade dos recasados (sem o sacramento do matrimônio), das uniões civis entre homo afetivos, dos meios de planejamento familiar, etc. Coincidentemente foram lidos nas celebrações do fim de semana passado os textos de Gênesis (2,28-24) e Marcos (10,2-16). Nos dois textos a afirmação do projeto divino para o casal humano: companheirismo de vida entre homem e mulher, marcado pela fidelidade e indissolubilidade: “E os dois serão uma só carne... portanto o que Deus uniu o homem não separe”! Como ter um olhar do coração, um olhar de misericórdia diante de um princípio tão claro? Como preservar o fundamental da fé é a realidade que nos cerca? Penso que o caminho está no encarar as situações vividas na perspectiva do sofrimento que marca a vida. O olhar que nos deve mover é aquele que olha o conjunto da história de cada pessoa. Sem minimizar o ideal que deveria ter sido vivido. E a fragilidade humana que nem sempre consegue responder de forma plena. Nas discussões que envolvem a visão da família em nossos dias e dos problemas que a ela envolvem, na abertura do Sínodo, o Papa Francisco chamou a atenção lembrando que aquela reunião não era um parlatório, nem um parlamento onde se procurassem compromissos, acertos, etc. O que se espera, dizia ele, é que todos falem com franqueza, dialoguem, se posicionem, para que possa surgir o bem para todos. Para nós todos, no dia a dia, diante dos casos concretos, olhemos em primeiro lugar as pessoas. Com os olhos do coração. Depois, vejamos sua situação. Seremos capazes de amar quem não comunga os princípios que cremos. E se o amor for o primeiro mandamento saberemos lidar com as divergências.

© Copyright 2024. Desenvolvido por Cúria Online do Brasil