Pentecostais e Pentecostes

Pentecostais e Pentecostes

POSTADO EM 02 de Junho de 2017

Por. Pe. José Antônio Boareto

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Historicamente o Pentecostalismo está relacionado a um movimento de avivamento pentecostal em Los Angeles (EUA) em 1906 caracterizado pelo batismo no Espírito Santo e glossolalia.

O pentecostalismo surge como resistência diante das protestantes tradicionais que segregavam os negros em seus cultos. A experiência pentecostal é uma libertação de expressão espiritual e cultural, pois através do gospel podiam louvar a Deus a partir da sua cultura.

O pentecostalismo norte-americano irá depois se espalhar por todo o mundo. No Brasil dizemos que ele chega em 1911 através da Assembléia de Deus e a Congregação Cristã.

Na década de 40 temos a primeira igreja pentecostal brasileira que é a Brasil para Cristo. Neste período são realizados dois grandes movimentos pentecostais.

As caravanas por todo o país, uma espécie de cruzada evangelística através do evangelismo em circos que eram montados em lugares de menor assistência social e religiosa.

Outro grande movimento foi à alfabetização e a divulgação da bíblia, como também a presença pentecostal através do rádio, como é o caso do Pastor David Miranda da igreja Deus é Amor.

Depois teremos o surgimento das igrejas Universal do Reino de Deus e Internacional da Graça de Deus. De qualquer modo é importante ressaltarmos que o pentecostalismo brasileiro é um fenômeno religioso expressivo na periferia.

A partir da década de 60 por ocasião da migração nordestina as metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro irão se tornar o principal centro pentecostal brasileiro.

Afirma-se que os negros e pobres fizeram a opção pelo pentecostalismo pois nessas igrejas encontraram além da acolhida uma possibilidade de empoderamento.

A conversão ao Senhor Jesus e o batismo no Espírito Santo oferecem ao convertido a graça de viver sob o poder do Espírito Santo. Uma mudança acontece através da escuta da Palavra. As exigências são fortes. A palavra do pastor é tida como lei.

Apesar da crítica a teologia da prosperidade feita atualmente aos pentecostais, não foi assim no início, entretanto, o combate espiritual entre o bem e o mal é um elemento teológico fundamental.

Além destas características, também podemos falar da rede de solidariedade que se constitui entre os seus membros, favorecendo até mesmo uma gama de oportunidades e ocasiões de emprego.

Observando o censo de 2010 do IBGE que já falava do crescimento dos pentecostais, hoje podemos afirmar que 50% da população brasileira se reconhecem como evangélica pentecostal.

Reconhecemos uma pluralidade de comunidades religiosas que surgem a cada dia no país. A cada hora surge uma igreja, pequenas comunidades com até 30 membros.

A intolerância religiosa é o maior desafio as pentecostais. Devida a sua compreensão dicotômica da realidade, isto é, sagrado e profano, aproximam da realidade segregando-a.

Os pentecostais são intolerantes à cultura africana e toda e qualquer outra cultura que cultue outros deuses e ou mesmo que tenha outro universo religioso.

O pentecostalismo católico surgiu nos Estados Unidos em 1967 através de um retiro na universidade de Duquesne (Pensylvania, EUA). Durante os grupos de discussão, um dos líderes afirma que eles deveriam confirmar constantemente os votos de Batismo e Crisma e assim ter a alma mais aberta para o Espírito de Deus.

Eles vão até uma capela e lá recebem a graça denominada de batismo no Espírito Santo, no Novo Testamento. Cada um sentiu essa graça de forma diferente e percebeu como a vida está em constante transformação e aquele retiro tinha sido uma experiência extraordinária.

Os dons do Espírito Santo são manifestados e então pessoas oram em línguas, praticam curas, discernimento de espíritos, falam com sabedoria e fé extraordinárias, profetizam e interpretam.

Tiveram a certeza que embora tentem viver como cristãos, morrendo para eles mesmos e para o pecado, esta seria uma luta desanimadora se não contar com o poder do Espírito.

Compreendiam que através da Crisma confirmavam o Espírito Santo recebido no Batismo e que eram templos do Espírito, mas reconheciam que não se abriam suficiente para receber em suas vidas os seus dons e o seu poder.

Este retiro ficou mundialmente conhecido como o “Fim de Semana de Duquesne”. Depois dessa universidade, outras universidades americanas realizaram estes retiros que eram caracterizados por um reavivamento espiritual por meio da oração, da vida nova no Espírito e com a manifestação dos seus dons.

Através de reuniões, seminários, encontros e grupos de oração noutras universidades, paróquias, mosteiros e conventos os “carismáticos” multiplicam-se transpondo o ambiente onde foi originada.

Em 1970 a RCC chega ao Brasil com Pe. Eduardo Dougherty, SJ e Pe. Haroldo J. Rahm em Campinas-SP. Os rumos tomados a partir daí, serão diversos, expandindo-se rapidamente pela maioria dos estados brasileiros.

Recentemente a RCC em preparação ao Jubileu de Ouro tem refletido a partir do pedido feito pelo Cardeal Rylko que convida a uma passagem. Passar de uma espiritualidade de Pentecostes para uma Cultura de Pentecostes.

Para o Cardeal a experiência do batismo no Espírito ou efusão do Espírito é central para a Renovação Carismática Católica. Segundo ele os “carismáticos” e “carismáticas” são chamados e chamadas a serem canais para as graças de Pentecostes na Igreja e no mundo.

Devem também reconhecer que não possuem o monopólio do Espírito Santo, mas perceber que são embaixadores do Espírito Santo e difundir a Cultura de Pentecostes.

São João Paulo II encontrando com os delegados da Renovação disse: “No nosso tempo, que é tão ávido de esperança, faça que o Espírito Santo seja conhecido e amado. Ajude a trazer para a vida aquela “Cultura de Pentecostes”, que só ela pode tornar a fecunda a civilização do amor e da co-existência amigável entre os povos”.

O Papa Emérito Bento XVI escreveu a revista New Covenant: “O Cenáculo é o lugar onde os cristãos se deixam, ao acolher o Espírito Santo, ser transformados pela oração. Mas é também o lugar de onde saímos para levar o fogo de Pentecostes aos irmãos e irmãs”.

A Cultura de Pentecostes é a transformação da sociedade através do poder do Espírito Santo. A Cultura de Pentecostes cria uma sociedade que respeita a dignidade humana através do reconhecimento de que a humanidade é feita à imagem e semelhança de Deus.

O Papa Francisco fala dessa efusão do Espírito como “fluxo da graça”. Quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos no Cenáculo, todos ficaram cheios do Espírito Santo.

Eles experimentaram não apenas uma renovação pessoal, mas foram capacitados com dons tais como a oração em línguas e coragem que possibilitaram modificar a cultura ao seu redor.

Que a efusão do Espírito que aviva a Igreja por meio da Renovação Carismática Católica seja um canal da graça onde os irmãos e irmãs experimentem o fogo de Pentecostes.

Vem Espírito Santo e renova a face da terra! Vem e renova-nos para vivermos no teu amor que nos move a ir ao encontro dos irmãos e irmãs de outras igrejas cristãs gerando a unidade entre nós.

Vem Espírito Santo e renova a face da terra! Vem e renova-nos para vivermos no teu amor que nos faz reconhecer em cada irmão e irmã a imagem e semelhança de Deus e nos empenha em construir a tão sonhada Civilização do Amor.

Vem Espírito Consolador e nos faz dóceis e respeitosos com cada pessoa humana. Vem Espírito Santo e manda teu fogo para transformar o nosso coração!

Vem Espírito Santo de Amor e inflama-nos de caridade e misericórdia vencendo em nós todo preconceito e discriminação que em nós se apresenta como mal a querer nos dividir.

Manda teu fogo e queima de novo!

Pe. José Antonio Boareto

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