CRISES EM CRER NAS PESSOAS E EM DEUS

CRISES EM CRER NAS PESSOAS E EM DEUS

POSTADO EM 27 de Janeiro de 2017

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Quando tenho a oportunidade de abordar o tema da fé sempre procuro traduzir essa palavra por “confiança”. Creio que fica mais fácil compreender seu sentido mais profundo e vivencial e, ao mesmo tempo, mostra duas faces importantes: a da convivência humana e a referência ao transcendental. Começo pela convivência entre nós. Creio que todos fazemos a experiência de que sem confiança uns nos outros e de uns para com os outros, nossa vida torna-se quase que impossível. Se não confiarmos em nossos educadores, viveremos em dúvida eterna; se não confiarmos em nossos médicos, dentistas e outros profissionais da área da saúde caminharíamos céleres para uma somatória de problemas...  Se não confiarmos em nossos relacionamentos de afetos, amor, amizade nossa vida seria de solidão infinita. A atitude de confiar, de crer, é necessidade absoluta. É por isso que quando as coisas não caminham de acordo com nossas expectativas, ao ter colocado crença nos outros, surge a decepção, a tristeza, a discórdia. A meu ver, de forma desafiadora, cresce a mentalidade de que a maior parte das pessoas é desonesta. Por isso vivemos cercados de medidas que tentam assegurar confiabilidade. Todo mundo faz a experiência da papelada necessária para fazer qualquer negócio. E isso aumenta sempre mais. Quando se pensa que todos os documentos estão em ordem, aparece a exigência de um carimbo, um registro a mais...  Em meus tempos de estudante vivi  realidade diversa. Tenho parentes que vivem na Itália, há pouca distância da fronteira com a Suiça. Fui visitar um casal amigo que me buscou numa estação. Passamos por uma caixa de vidro que continha jornais. O amigo abriu a caixa, pegou um jornal, colocou o dinheiro correspondente no lugar adequado. Perguntei se não havia o perigo de alguém pegar o jornal ou mais jornais e não pagar. Sua resposta: não! Estacionou seu carro com vidros abertos e chave no contato. Chamei sua atenção. Ele me disse que não havia problema! Há ainda muitos países onde se crê que todo mundo é honesto até prova em contrário! É possível crer que a honestidade seja a tônica no comportamento?  Esta reflexão foi despertada pelo fato que envolve questionamento se a morte do ministro Teori Zavascki ou foi acidente ou foi crime. Com o clima que vivemos atualmente   acirra-se a desconfiança de tudo e de todos. De certa forma, o mesmo acontece ao que se refere à fé no sentido transcendental, religioso. Nestes dias um jornal publicou depoimento de um artista que se diz ateu. Ele se queixa que a população brasileira tem muita dificuldade em aceitar que alguém possa viver sem crer em Deus, em algo superior. Entre outras coisas afirma que se você não acreditar em Deus, você tem o demônio no corpo. Revelou que nunca teve uma formação religiosa e, por isso, não enfrentou problemas em sua relação com amigos e familiares por ser alguém que questiona a existência de Deus, mas faz coro a uma reclamação da maioria dos ateus no país: a de que, em geral, a sociedade brasileira tem dificuldades em entender e aceitar aqueles que não professam nenhuma fé religiosa. Diz o artista:  "O Brasil é um país difícil para os ateus porque nós somos uma minoria realmente pequena. É um país onde todas as pessoas têm não só uma religião, mas várias, e onde acreditar em qualquer coisa parece mais sensato do que não acreditar em nada." Penso que aqui está a chave para um caminho de fé religiosa para quem não a tem: clareza no que se acredita. O sincretismo deve ser respeitado porque cada um é livre de crer ou não. E da forma que desejar. Para o cristão o caso é diferente: ou Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida, ou então a fé, que se diz ter nele, deságua nas escolhas daquilo que interessa!


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