Homilia – Missa da Noite

Homilia – Missa da Noite

POSTADO EM 29 de Dezembro de 2016

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Natal do Senhor de 2016

Homilia – Missa da Noite

    Catedral Nossa Senhora da Conceição – Bragança Paulista



                                 Irmãos e Irmãs!

                                  É o Natal do Senhor. “Resplandece uma grande luz” sobre nós (Is 9,1). Brilha a luz que é Jesus. “Multiplica-se a nossa alegria, aumenta o nosso júbilo” (Is 9,2). Cumpriu-se a promessa do nosso Deus, não há mais lugar para dúvida. Não há mais lugar para a indiferença. O medo não tem mais vez. A tristeza desapareceu. O menino que nasceu provém verdadeiramente de Deus.

                        Ele é o consolador dos corações. As palavras do profeta soam como um novo apelo, um novo alcance com uma nova perspectiva: é a mensagem do Natal que precisa ainda ser acolhida pela humanidade, tocar os corações e as estruturas que regem o tempo presente, pois, se a “paz na terra aos homens de boa vontade” permanece como oferta generosa de Deus para os seus filhos e filhas, ela deve ser promovida com o compromisso de criar solidariedade, comunhão e de apontar para a criação, resgatada pelo “Filho que nos foi dado” (Is 9,5), o próprio Deus feito homem. No menino de Belém, luz que não conhece o ocaso, as trevas se dissipam, a humanidade é iluminada e retoma o seu caminho, com confiança e esperança.

                    Como os pastores naquela noite, envolvidos em luz, também nós queremos proclamar as maravilhas de Deus,  em um mundo que teima em viver sem o significado do grande dom do Natal. Apesar de muitas luzes, presentes, festas e ceias, são muitos os acontecimentos que ferem a grandeza e a dignidade humana. Eles ganham sempre mais o palco da história, com uma notoriedade passageira, anestesiante. Eles nos comovem por um instante, mas não nos indignam e, por isso, são relegados rapidamente ao comum dos fatos. A insensibilidade vai endurecendo os corações, fechando-os à compaixão, embutindo neles o medo, impedindo-os de agir em favor do bem, do bem do outro, do bem da criação, do bem de todos.

              Só a verdadeira luz que vem iluminar nossa existência pode dissipar tantas trevas. Hoje, na verdade, descobrimos quem somos. Torna-se claro o caminho a ser percorrido, o caminho que leva até Belém. Não podemos nos acomodar, ficar parados. Somos chamados a ir, ver e encontrar o nosso Salvador reclinado numa manjedoura. Eis aí o nosso jubilo e a nossa alegria: este menino “nasceu para nós”, “foi dado a nós” como anuncia o profeta Isaías (cf. Is 9,5). Somos parte de uma humanidade que percorre essa estrada para encontrar aquele que pode dar a paz a todas as nações.

                Nesta noite mais do que palavras, o silêncio e a contemplação devem tomar conta de nós, mais do que palavras, o nosso olhar se detenha nele, que ensina o que é essencial à nossa vida. Ele que nasceu na pobreza, porque não havia lugar nem para ele nem para sua família na hospedaria. Entre os animais ele é abrigado e por eles também é contemplado. É o caminho da simplicidade, capaz de gerar dignidade a todos os que o experimentam, caminho da verdadeira libertação com a “renúncia de toda impiedade”, e a riqueza do mundo, para vivermos com “sobriedade, justiça e piedade” (cf. Tt 2,12).

                         Elevemos nossos corações e orações aos que morrem vítimas da negligência humana, sem cuidado com a vida, própria e a dos outros; nas estradas – vítimas de acidentes; no trabalho – por falta de segurança; nos postos médicos e nos hospitais; nos atentados terroristas; onde tudo, de certo modo, parece encontrar justificativa.   

                         Como ignorar em nossa sociedade, tão poderosa e tão frágil, relações em nível pessoal e institucional eliminando o projeto de Deus e sua Lei que são vida e verdadeira liberdade? Muitos estão prescindindo de Deus. Vivem sem referência alguma a ele e tornam-se a medida de todas as coisas.

                         O “mistério da iniquidade” parece ganhar sempre mais espaço no coração do mundo, no coração das pessoas. Mas, nesta noite santa de Natal, somos convidados a abeirar-nos do presépio e ajoelhados contemplar aquele que traz a salvação, Jesus: “Conselheiro admirável! Deus valoroso! Pai para sempre! Príncipe da paz!” (Is 9,5).

              “Sim, nesta noite evocadora de memórias sacrossantas, torna-se mais firme a nossa confiança na força redentora da Palavra que se fez carne. Quando as trevas do mal parecem prevalecer, ‘e a injustiça se transforma em bem, a mentira ocupa o lugar da verdade e o erro é louvado como virtude’ e pode até contar com a proteção da Lei, Cristo repete-nos: Não temais! Com sua vinda ao mundo, ele derrotou o poderio do mal, libertou-nos da escravidão da morte e readmitiu-nos ao banquete da vida”.  É a grande proposta do Natal que de novo se apresenta a nós.

                          Olhemos para José, Maria e os pastores, maravilhados com o “Menino envolto em faixas”. Com eles, aprendamos a dar testemunho dele. O mundo espera este gesto nosso. Somos nós que vamos levar o encantamento do Natal para tantos quantos encontrarmos.

                           Ó Senhor, nós vos acolhemos e vos adoramos. Senhor do céu e da terra, vos fizestes, por amor, um de nós, um menino, igual a tantos espalhados pelo mundo, pobre e ameaçado e, quem sabe, igualmente como vós, sem um lugar para nascer.

    

                           Nós vos acolhemos agradecidos porque sois a luz que desponta para iluminar o  mundo.

                           Nós vos acolhemos como Irmão e Senhor, príncipe da paz, cujo nascimento fez de todos os povos um só povo.

                            Eis-nos diante de vós, humildes e pobres para oferecer o dom de nossa vida. Acolhei-nos junto à vossa manjedoura nesta noite de alegria e de luz.

                           Irmãos e Irmãs!

                           Cristo nasceu para nós,

                           vinde todos, adoremos!

                           A todos os presentes nesta Catedral, a todos os irmãos e irmãs bragantinos, assim como a todos os nossos diocesanos,

                            Feliz Natal.   

                                                                                     + Sérgio

                                                                      Bispo de Bragança Paulista

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