UM MALUCO CHEIO DE ESPERANÇA

UM MALUCO CHEIO DE ESPERANÇA

POSTADO EM 28 de Novembro de 2016

Por: Monsenhor Giovanni.

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Por volta do século oitavo antes de Cristo o reino da Babilônia conhece enorme expansão. Chega à Israel. O temor se apodera dos reis israelitas. Diante do poderio babilônico começam alianças espúrias. Colocam-se na contramão dos princípios da Torá. As alianças manifestam descrédito na Aliança. Profetas vão levantando suas vozes. Alertam autoridades e povo para que corrijam atitudes. Convocam à fidelidade como resposta à Aliança. Não são ouvidos. São perseguidos, exilados, mortos. Mesmo assim, vendo tudo encaminhar-se para o pior não deixam de apontar para a concretização da Promessa que Deus fizera a seu povo.

  Na predição da ruína falam da reconstrução. Uma dessas falas está no profeta Isaias (2,2-5). É a promessa de paz perpétua. Proclamada em meio à certeza da destruição e do sofrimento que chegariam: “Dias virão em que o monte da casa de Javé será estabelecido no mais alto das montanhas e se alçara acima de todos os outeiros. A ele acorrerão todas as nações, muitos povos virão dizendo: "- Vinde, subamos ao monte de Iahweh, à casa do Deus de Jacó, para que nos instrua a respeito dos seus caminhos e assim andemos em suas veredas. - Com efeito, de Sião sairá a Lei, e de Jerusalém, a palavra de Iahweh. Ele julgara as nações, ele corrigirá muitos povos. Eles quebrarão suas espadas, as transformarão em enxadas, e as suas lanças, a fim de fazerem foices. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e nem se aprenderá mais a fazer guerra. Ó casa de Jacó, vinde, andemos na luz de Iahweh”. Certamente muita gente pensou que Isaias era maluco para dizer palavras de esperança e de confiança em Deus em meio à situação catastrófica que começava a se desenhar. E sabemos que muitas invasões aconteceram.

Com destruição e mortes. Até o acontecimento do Exílio para a Babilônia. As palavras de Isaias estavam alicerçadas na certeza de que Deus não abandonaria seu povo. E contaria com gente que o ouvisse para executar os processos de libertação e reconstrução. Nada disso estava no horizonte da maior parte das autoridades e do povo de sua época. Mas ele não duvidou do seu Deus. E soube antever o dia em que a cidade santa se tornaria o ponto de convergência de todos os povos. E que estes povos, por conhecerem a Deus, modificariam seu modo de agir. E que armas se tornariam instrumentos para o trabalho que geraria vida!

A Profecia de Isaias bem cabe nestes momentos em que vêm à tona fatos de tráfico de influência, busca de interesses pessoais, manobras para não colocar sob a Lei quem realiza falcatruas. O triste episódio que envolveu o ex-ministro da Casa Civil mostra que se gasta mais tempo na defesa de interesses pessoais e menores do que na defesa das necessidades da Nação. O ex-ministro da Cultura está sofrendo uma trilha de diminuição por ter desvendado a manobra por conta de uma possível gravação de conversa. Não julgo boa coisa gravar conversa, mas se ela nada tem de escuso não há o que temer! E soma-se o fato de querer, por parte de bom grupo de pessoas envolvidas na política partidária, em buscar anistia para “caixa dois” (segundo advogados um crime ainda não tipificado por lei) e, numa manobra muito esperta, juntar toda espécie de malfeito que envolvesse toda a gama de mau uso do dinheiro. Numa feliz comparação do ex- ministro do STF Ayres Brito “estão querendo colocar jabuti em árvore!” Felizmente houve enorme reação. Esta fez com que os presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados declarassem que não aceitariam tal manobra. Resta agora ver se o projeto do Ministério Público Federal, que propõe dez medidas para o combate à corrupção, será aprovado.

No meio de toda a barafunda parece meio impossível prever tempos bons. Mas eu creio que não podemos perder a esperança. Parece maluquice prever tempos melhores. Mas é maluquice saudável. Ela nos dá alimento para continuar buscando as condições para vida digna. E se juntarmos a certeza de que Deus quer o nosso bem e que este depende do que fazemos vale a pena que nos empenhemos! Afinal a Paz é o desejo de Deus para nós! É o nosso também! E Paz, como sabemos, é plenitude de vida!

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