GLÓRIA DIVINA E GLÓRIA HUMANA

GLÓRIA DIVINA E GLÓRIA HUMANA

POSTADO EM 05 de Maio de 2016


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Não é difícil encontrar na linguagem do dia a palavra glória. Seja para falar de um feito humano, seja como expressão de fé religiosa. Comecemos por esta última. Especialmente no Evangelho de João é uma palavra recorrente. Com dois sentidos fundamentais: a glória de Jesus, a sua glorificação pelo Pai e a glória que Jesus dá ao Pai. O que isto significa?  A glória de Jesus é a de ter levado a termo a missão redentora. Assumindo o projeto da salvação ele o vive de forma plena. Caminha na sua realização enfrentando todo tipo de dificuldade: a incompreensão de sua família e conterrâneos, a falsa ideia do seu messianismo por parte dos seus escolhidos (apóstolos e discípulos o queriam como novo rei), as autoridades do Templo o viam como herege, o poder romano como perturbador da ordem. Jesus permanece na fidelidade à missão. Não vai ao encontro dos empecilhos e da prisão e morte por um desejo, chamemos, masoquista. Caminha para a cruz porque ela é o desdobramento final, a consequência da sua coerência. Mas sabe que ela não é o fim. A morte vergonhosa é a porta da glória! Estranho final para a glória! Mas é exatamente porque vence a morte e transforma a cruz em sinal de vida e esperança que ele é glorificado! Entregando sua vida por nós Jesus dá glória ao Pai. Faz com que o projeto salvador se concretize. A fidelidade prometida por Deus ao seu povo (começa com o povo judeu e se estende a toda à humanidade) é sempre evidente. Deus não voltou atrás, não desistiu de nos querer como filhos e filhas. Por isso dar glória a Deus é mais do que falar “Oh! Glória”!, “Glória a Deus”! É mais que cantar, dançar, etc. Palavras e gestos devem expressar nossa conformidade com o projeto divino. Damos glória a Deus quando vivemos segundo a sua vontade e seguindo o que Jesus ensinou e fez. Falemos da glória humana. É a busca sempre presente que se expressa nas realizações que desejamos alcançar. Ela está presente nas profissões, no esporte, na política, na sociedade, na vida familiar, na Igreja. A glória que se busca não é algo negativo quando se coloca na linha do serviço, do bem que se deseja fazer. Ela se expressa na satisfação de que se fez algo bem feito e no reconhecimento disso. Pelo agente e pelos que são testemunhas. O perigo está presente quando a glória se torna meta individualista e interesseira. Um modo de se sobrepor aos outros. Um modo de amealhar poder, supremacia. Não há mal em distinguir-se no leque das atividades e da convivência. A glória começa a ser escada para a dominação quando o que se faz é meio para subir patamares que implicam diminuição dos outros ou uso do que é bem de todos para vantagens pessoais. O combustível dessa glória desviada é formado pela vaidade e pela ganância. O que poderia ser vivido na singeleza da fraternidade, da solidariedade, é tomado pelo gestual da soberba e do desmerecimento dos outros. Pela mentira, pela bajulação, pela fofoca, pelo desprestígio de quem ousa discordar. Penso que o dia a dia mostra como a deturpação da “glória do bem” não é tão estranha. Até mesmo dentro da comunidade de fé onde ela jamais deveria existir. Porque se supõe que quem crê em Jesus e faz parte da Igreja tivesse a mesma postura dele! Por conta dos nossos defeitos e pecados, infelizmente, não é assim! O Papa Francisco, em várias de suas falas, adverte quanto aos perigos da busca da glória humana travestida de serviço a Deus e aos irmãos! Esse desvio de conduta atrapalha o projeto divino e desmerece a Glória que se deve prestar a Deus! Corre-se o grave perigo de que atos litúrgicos nada mais sejam que teatros para solidificar posições. Palavras e atitudes que nada têm da fé. Glorificam pessoas e não a Deus! Que sejamos livres desse mal. Amém!

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