Leigos

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POSTADO EM 21 de AGOSTO de 2015

LEIGOS

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Tradicionalmente a Igreja Católica faz do mês de agosto um momento especial para debruçar-se sobre o precioso tema da Vocação humana.  Recordando que todos são chamados a ser filhos e filhas de Deus. Todos são chamados a ser santos (Efésios 1,3-5).  Santidade é sinônimo de Justiça, Retidão. Dentro desse grande e universal chamado, dentro dessa “com-vocação”, cada pessoa deve descobrir o chamado ao estado de vida e à própria caminhada pessoal para sua realização e para a realização do mundo. Há quem seja chamado a constituir família. Há os que sentem o chamado a assumir o ministério ordenado. Há os que consagram sua vida nas Ordens, Congregações e Institutos de Vida Religiosa. Neste grande painel, com fundo comum, que permite o surgir das mais variadas formas e cores de decisões vitais, quero comentar a vocação dos leigos. Aqueles e aquelas que são filhos e filhas de Deus e constroem os sonhos de Deus e dos homens no campo específico das realidades terrestres.

O Concílio Vaticano II (a grande reunião de todos os bispos do mundo, acontecida entre 1962-1965, convocada por São João XXIII e finalizada pelo Beato Paulo VI), no documento sobre a Igreja, dedica o capítulo 4º para falar do laicato. Trata-se de uma revolução e de um avanço. Durante séculos o caminhar histórico da Igreja cristalizou uma visão demasiadamente clerical. Como se a Igreja dependesse somente dos ministros ordenados (padres, bispos, Papa). Houve uma hierarquização tão forte  que fez separação separação entre clero e leigos. A história nos dá os porquês. Não há porque escondê-los. Nem porque negá-los. O Concílio veio colocar no devido lugar uma consciência que já, muito antes de sua realização, era vivida na Igreja. A Igreja era (e é) o Povo de Deus. Todos têm nela a mesma dignidade. As funções, os serviços são diferentes. Era necessário recuperar o lugar dos leigos. E oferecer a eles uma reflexão que os levasse a redescobrir o leque imenso de suas possibilidades de ação. E de marcar o mundo com aquilo que lhes era específico.

Uma das insistências do Concílio e dos pronunciamentos posteriores do Magistério da Igreja é que os leigos não fujam do mundo. Mas nele trabalhem para transformá-lo. Uma orientação que parece obvia. Os que têm mais idade, porém, devem lembrar-se do tempo em que muitas pregações diziam: “... o mundo é mau. É preciso fugir do mundo. O mundo leva ao pecado. É preciso salvar a alma...” Infelizmente muito se fugiu. Muitos cristãos se encastelaram. E o resultado da fuga e do esconder-se está patente. A proclamação do Evangelho libertador foi limitada. A presença dos cristãos na transformação das estruturas deixou muito a desejar. A vivência da fé ficou, muitas vezes, limitada aos atos de culto e devoção. Há hoje um forte apelo para que todos os cristãos “mostrem a cara”. Para que sua presença possa trazer o rosto do Redentor. A iluminar as realidades da vida de cada dia. A reconquistar o espaço para a Verdade. A fazer imperar a Justiça. A honrar os que buscam a Retidão. A varrer do convívio todo tipo de maldade. A matar a corrupção, monstro que extermina a Esperança.

Os leigos são chamados a exercer papel protagonista não só nas estruturas da Igreja. Também na condução dos destinos do mundo. Quanto mais os cristãos se fizerem presentes marcando os fatos com a Boa Nova de Jesus Cristo, tanto mais  abrir-se-á  o horizonte da Vida. Cada um tem um papel nesse caminhar. Junto com as responsabilidades, chamemos terrestres, está a participação nas ações que partem das estruturas da comunidade de fé. A essas damos o nome de pastorais. Porque elas derivam da missão de pastoreio, de condução para a vida plena alicerçada na profissão de fé. Sua finalidade é externar o amor que Deus tem por todos. As pastorais devem manifestar a riqueza do Reino de Deus. Por isso, caros leitores, por que não perguntar-se se podem dar um pouco do seu tempo e do seu cuidado nas pastorais das catequeses da iniciação cristã (preparação para o Batismo, Confirmação e Eucaristia), nos encontros de preparação ao casamento, nos encontros de formação para casais, nos movimentos como os Cursilhos, Encontros para jovens, na preparação das celebrações da Igreja, na organização e preparação dos cantos para as cerimônias e outros tantos?  Há muita falta de agentes de pastorais em nossas comunidades. Isso acaba sobrecarregando pessoas que por ser uma espécie de “faz tudo” correm tanto o perigo do cansaço como de tornar-se “donos de pastorais” e formarem panelinhas que se cristalizam a partir do fato de que ninguém quer nada com nada. Há vasto campo de atividade para que nossas comunidades sejam mais vivas e atuantes desde que seus membros tenham a generosidade de colocar um pouco do seu tempo e de suas qualidades a serviço. A propósito: o que você pode dar para as pastorais de sua paróquia?

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