Os Novos "Influenciadores de Deus": São Carlo Acutis e São Pier Giorgio Frassati
Carlos Acutis e Pier Giorgio Frassati em imagem construída por Inteligência Artificial. Foto: Euclides Fernandes
No dia 7 de setembro de 2025, diante de mais de oitenta mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, no Vaticano, e de incontáveis fiéis conectados em cada canto do mundo através dos meios digitais, o Santo Padre, o Papa Leão XIV, inscreveu no catálogo dos santos o jovem Pier Giorgio Frassati, falecido aos 24 anos em 1925, e o adolescente Carlo Acutis, falecido aos 15 anos em 2006. O dia foi marcado por imensa alegria e comoção, pois incontáveis almas encontraram neles, especialmente em Carlo Acutis, aqui no Brasil, modelos palpáveis de santidade. Diante de tamanha celebração, levanta-se um questionamento: qual a razão dessa comoção e alegria? O que esses novos santos têm de tão especial ou diferente dos demais homens, mulheres, crianças e idosos, religiosos, ordenados e leigos, canonizados ao longo de dois milênios?
Grande alegria e comoção em todo o mundo
A última semana foi marcada por reportagens em redes televisivas, rádios e, principalmente, por publicações na internet e nas redes sociais. O que se repetia eram as manifestações de grande expectativa pela canonização de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati, que, cada um a seu tempo, marcaram suas vidas pelo amor a Nosso Senhor Jesus, à sua Igreja e aos seus preferidos, os mais pobres. Quantas foram as postagens, especialmente de jovens e adolescentes, que, desde o anúncio da beatificação de Carlo Acutis, o adotaram como um amigo no céu! E como não notar as postagens de homens e mulheres adultos, cheios de inúmeras responsabilidades, que se encantaram pelo garoto de calça jeans e tênis da moda, mas cheio de amor pela Virgem Maria — a mulher de sua vida, como afirmava — e de devoção à Eucaristia? Como não notar as inúmeras mães que se emocionaram com a Sra. Antonia Salzano, mãe de Carlo Acutis, que viu seu filho ser canonizado?
Acessibilidade da santidade: A resposta na vida dos santos
A resposta para a motivação de nossa alegria pode ser encontrada na vida desses santos, na caminhada que traçaram enquanto viveram esta única oportunidade que o Senhor nos concede. Carlo Acutis, nascido em Londres em 1991, foi um jovem leigo que dedicou sua vida a Deus, usando a internet para evangelizar, o que lhe rendeu o título de “ciberapóstolo da Eucaristia”. Ele era um adolescente normal, que gostava de videogames, mas com um amor profundo pela Eucaristia, a qual considerava sua “autoestrada para o Céu”. Sua vida foi interrompida em 2006, aos 15 anos, por uma leucemia agressiva. Ele ofereceu seu sofrimento pela Igreja e pelo Papa Bento XVI. O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica por ocasião da beatificação, resumiu a vida de Carlo como a de um jovem que cultivou “amizade com o Senhor Jesus, colocando a Eucaristia e o testemunho da caridade no centro da própria vida”. Ele ainda afirmou que o testemunho do então beato “indica aos jovens de hoje que a verdadeira felicidade se encontra colocando Deus em primeiro lugar e servindo-o nos irmãos, especialmente os últimos”.
Pier Giorgio Frassati, nascido em Turim em 1901, foi um jovem leigo de família rica que dedicou sua vida a Deus e ao próximo. Apesar de sua origem, ele preferia a companhia dos pobres e doentes, aos quais se dedicava intensamente, usando seu tempo livre e dinheiro para ajudá-los. Sua profunda fé, alimentada pela Eucaristia diária e pela oração, o tornou um modelo de santidade para os jovens, mostrando que é possível ser santo na vida cotidiana. O Papa São João Paulo II, em sua beatificação, exaltou-o como um “modelo de santidade acessível a todos, especialmente aos leigos”, pois sua virtude residia na capacidade de “fundir a fé com os acontecimentos da vida diária, transformando a sua existência numa ‘atenção amorosa aos pobres e necessitados’”. Segundo o Pontífice, o segredo de sua santidade estava em seu “itinerário ascético e espiritual” que incluía a “adoração perseverante, mesmo à noite, do Santíssimo Sacramento”.
O desafio da santidade em nosso tempo
A alegria pela canonização dos jovens santos nos leva a olhar para a nossa própria caminhada de fé. Afinal, a santidade reconhecida na Igreja deve ser um chamado para todos nós, leigos, religiosos e ministros ordenados. É preciso perguntar: como vai a nossa vida, a nossa caminhada rumo à santidade? O que temos feito para lutar por ela? Os Papas São João Paulo II, Francisco e, hoje, Leão XIV, ressaltaram a "acessibilidade" da santidade na vida desses jovens santos, por meio dos elementos essenciais de nossa fé, especialmente a Eucaristia. O que nos tocou profundamente é o fato de que os dois santos alcançaram a santidade tendo nas mãos o que há de mais comum e extraordinário ao mesmo tempo: a Santíssima Eucaristia na celebração da Missa e na adoração, e a caridade na atenção aos mais pobres.
Na homilia na Celebração Eucarística de Canonização, o Papa Leão XIV reforçou a mensagem de que a santidade desses jovens não se manifestou em gestos grandiosos, mas sim em “pequenos gestos concretos, muitas vezes ocultos”, que se traduzem em uma profunda “atenção amorosa aos pobres e necessitados”. Ele destacou que a vida de ambos é um testemunho contra o “maior risco na vida”, que é “desperdiçá-la, vivendo fora do projeto de Deus”. Isso nos faz refletir se estamos aproveitando até mesmo das tecnologias atuais para a evangelização, assim como fez Carlo Acutis com vídeos e publicações na internet, divulgando a fé e o amor à Eucaristia.
O desafio da santidade em nosso tempo
A alegria pela canonização dos jovens santos nos leva a olhar para a nossa própria caminhada de fé. Afinal, a santidade reconhecida pela Igreja deve ser um chamado para todos nós, leigos, religiosos e ministros ordenados. É preciso perguntar: como vai a nossa vida, nossa caminhada rumo à santidade? O que temos feito para lutar por ela? A vida desses dois santos nos mostra que eles alcançaram a santidade tendo nas mãos o que há de mais comum e extraordinário ao mesmo tempo: a Santíssima Eucaristia na Missa e na adoração, e a caridade na atenção aos mais pobres. O Papa Leão XIV, na homilia de canonização, ressaltou que a santidade desses jovens não se manifestou em gestos grandiosos, mas sim em “pequenos gestos concretos, muitas vezes ocultos”. Ele destacou que o "maior risco na vida" é "desperdiçá-la, vivendo fora do projeto de Deus", e nos encorajou a seguir o caminho de Acutis e Frassati para transformar a nossa vida "de desperdício em obra-prima".
Olhando para o futuro com esperança
A vida de Carlo Acutis e Pier Giorgio Frassati nos alerta para a importância da Eucaristia diária, da adoração e da caridade, práticas que muitos já não veem como grandes tesouros. O Papa Leão XIV, em sua homilia, recordou a profunda fé dos santos, citando a conhecida frase de Carlo Acutis: "Diante do sol ficamos bronzeados, diante da Eucaristia tornamo-nos santos". Sem essa centralidade da Eucaristia e das orações mais comuns, será impossível alcançarmos a santidade. A canonização nos desafia a olhar para nós mesmos e a renovar nosso amor e adoração a Nosso Senhor. Que a alegria dessa celebração nos encha de esperança e coragem para continuar seguindo a Jesus, desapegando-nos de tudo e carregando nossa cruz sem murmurar. Afinal, como o Papa ressaltou, “se tiveres Deus no centro de todas as tuas ações, então chegarás até ao fim”.
Pe. Diego Braga Buoso
Reitor do Seminário Propedêutico São João Paulo II e
Chanceler da Diocese
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-10/papa-francisco-carlo-acutis.html
