O AMOR NOS JULGARÁ

O AMOR NOS JULGARÁ

POSTADO EM 10 de Novembro de 2022

O AMOR NOS JULGARÁ

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          O Papa Francisco, em sua catequese sobre o Juízo Universal, afirmou que  “no fim de nossas vidas seremos julgados pelo amor. Jesus virá no final dos tempos para julgar todas as nações, mas vem a nós todos os dias, de muitas maneiras, e pede para acolhê-lo. Aquele mendicante, aquele acamado, aquele encarcerado, aquele doente é Jesus”. (Papa Francisco no “Ângelus” do dia 26 nov. 2017).

          No Evangelho de Mateus podemos ler no capítulo 25 o juízo pessoal e universal que demonstra-se no livre arbítrio a fazer diante da escolha de acolhê-Lo ou rejeitá-Lo. A expressão “Tudo o que fizerdes!” é um imperativo que coloca para nós o que seja fundamental na ação cristã e do ser humano, isto é, ser caridoso com o próximo, preferencialmente o pobre (aquele que está com fome, sede, nú, preso, doente e refugiado). O critério decisivo do seu juízo é o amor ao oprimido.

          A reflexão do Papa aproxima-se da frase conhecida de São João da Cruz, o qual diz que “no entardecer da vida seremos julgados pelo amor”. Tal compreensão é fundamental para um entendimento necessário em nosso tempo. O Pe. Gabriele Amorth reconhece a ação do maligno que age tentando as pessoas e causando suas quedas, mas afirma que a confiança total no Amor do Pai é a melhor maneira de nos proteger da influência do diabo. Diz: “Se há uma maneira infalível de nos proteger da influência do diabo é nos deixar atrair pela bondade e beleza do Bem e do nosso Deus e Pai”.

          O pior de todos os males é a mentira de que Deus não ama você, ou seja, a razão mais profunda que impede a comunhão com Ele é o medo de que Ele não nos deixe sentir o amor do Pai por nós como filhos. Precisamos ajudar as pessoas a fazer a experiência profunda do amor de Deus, como disse o próprio Jesus aparecendo a Santa Faustina: “Quem confiar em mim, jamais deixarei faltar a minha misericórdia!” Diz ainda o Pe. Gabrielle: “O demônio não pode nada contra a misericórdia de Deus”.

          Esse julgamento do amor é todo dia e não somente no final da vida, pois a cada dia somos chamados a ser vigilantes e se não ficarmos atentos perdemos nossa condição de filhos de Deus e tornamos servos que não sabem o que faz o seu Senhor. Assim, a luta espiritual, ou combate que travamos a cada dia, realiza-se quando fazemos o bem e evitamos o mal.

          Pe. Gabrielle afirma que o cristão é chamado a lutar como um outro Cristo, no testemunho pacífico da verdade que Deus é Amor. Diz: “A nossa luta não é contra as criaturas de carne e sangue, mas contra espíritos do mal que habitam este mundo. Vamos obedecer a Cristo e seguir as instruções que Paulo deu aos cristãos de Roma: vamos vencer o mal com o bem, porque a vingança gera vingança e não quebra a cadeia do mal: ela a perpetua e agrava”.

          Caímos na “armadilha” diabólica quando relaxamos na vigilância, demonstrando indiferença ao grito dos pobres e da terra e agindo com falta de sensibilidade espiritual, que é a incapacidade de dialogar fazendo-se próximo dos outros com ternura, isto é, falta de misericórdia ao semelhante. Para evitar cair na “armadilha”, o remédio já é conhecido de todos nós, mas precisamos dizer novamente: a humildade, a fé, a oração, os sacramentos, uma vida conforme o Evangelho, realizar obras de misericórdia, perdoar os inimigos, e sob a proteção de Maria pedir sua intercessão.

          Em tempos onde a luta contra o mal tornou-se contra a carne e o sangue do nosso semelhante, faz-se necessário novamente retomar essas orientações basilares sobre o juízo pessoal e universal e a luta espiritual do cristão quanto o mal. Cuidado! Não deixemos ser enganados assim. Deus não quer que você elimine o outro, ele quer que você o ame como Ele ama a cada um sem fazer acepção de pessoas. Quanto às escolhas de cada um, a atitude de levantar muros não é cristã, pois o cristão constrói pontes. E ainda assim, mesmo que o outro escolha levantar muros e não construir pontes, isto é, o seu juízo esteja errado, eu não posso impor a ele o que seja certo a fazer, pois preciso respeitar seu processo de desenvolvimento da própria consciência.

          Assim, o caminho para ajudar o outro a conhecer a verdade é pelo diálogo, pois o juízo certo da consciência sempre aproxima a razão do amor em vista do bem, enquanto o juízo errôneo afasta do amor, pois o mal é privação do bem. Que estas reflexões possam nos ajudar a redescobrir a busca por uma vivência sensível-espiritual na perspectiva do bem, do belo e do verdadeiro e o caminho do diálogo como o único caminho possível para superarmos o protesto violento e a indiferença egoísta.

Pe. José Antonio Boareto

Referência bibliográfica:

AMORTH, Gabrielle. Seremos julgados pelo amor. O demônio nada pode contra a misericórdia de Deus. São Paulo: Paulus, 2016.

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