E DAÍ?

E DAÍ?

POSTADO EM 13 de Novembro de 2015


Image title

Costumo sempre lembrar que uma das qualidades do diálogo é saber ouvir e dar atenção à pessoa com quem se conversa. Concordar ou não é decisão de cada um. Recordo sempre que não podemos enfiar goela abaixo dos outros a nossa opinião. Não podemos obrigar a ninguém que aceite o que pensamos, mas temos que ser coerentes com aquilo que afirmamos. Por que digo isto? Para alicerçar a reflexão sobre O Sínodo da Família recentemente encerrado em Roma. Desde o início de sua missão à frente da Igreja Católica o Papa Francisco manifestou sua preocupação sobre a família. De forma muito especial se preocupou e preocupa com as situações sofridas daqueles que romperam seu casamento. E dos que acabaram assumindo novos relacionamentos sem terem celebrado, sendo católicos, o sacramento do matrimônio. Entraram na assembleia preparatória de 2014 assuntos correlacionados: métodos anticonceptivos, aborto, relações homoafetivas, etc. Os meios de comunicação começaram a abrir perspectivas que foram abrindo o leque para mudanças radicais até em questões doutrinais. Não foram poucas as vezes que li e ouvi a esperança de que o Magistério da Igreja legitimasse as uniões homoafetivas, liberasse sua posição antiabortista, deixasse de lado o tema da fidelidade e indissolubilidade matrimonial. Esse tipo de “esperança” revela desconhecimento daquilo que é a fé da Igreja e da qual ela é guardiã. Essa “esperança” não conhece o significado da Tradição eclesial. Tradição aqui é em letra maiúscula. Não se trata de coisa velha, antiquada. Não se trata, também, da repetição do dito “sempre foi assim e assim deve ser”! O documento final do Sínodo deste ano, entregue ao Papa Francisco, e sobre o qual ele, certamente, irá se pronunciar brevemente, é uma belíssima reflexão sobre o grande dom que Deus deu ao ser humano de vivenciar a entrega de sua vida a alguém que chamará de “meu amor”. Dessa entrega que caminhará para uma comunhão integral poderão surgir novas vidas. E o caminhar do encontro marido-mulher, pais e filhos cristalizará a realidade mais rica e profunda que se possa ter: a família. Por isso mesmo a família só deve começar pela certeza de que se deseja amar alguém para sempre. O casamento não é uma espécie de contrato de viver junto até o fim da vida. O casamento é uma aliança de amor para amar-se para sempre! É bem diferente! À luz desta fé o Papa propôs à Igreja que se refletissem as questões que querem quebrar a beleza da realidade familiar e, ao mesmo tempo, se oferecessem caminhos de misericórdia para os que não conseguiram levar a termo o que prometeram a si mesmos, às suas famílias, aos amigos e, principalmente, a Deus: “Eu te recebo com o marido (mulher) e prometo amor e fidelidade, na saúde e na doença, por todos os dias de minha vida”! Um fato que sempre preocupa quando se fala de casamentos desfeitos e em consequentes novas uniões (não sacramentais) era a situação das vítimas das separações. A situação do homem ou da mulher que se veem deixados. O Código de Direito Canônico, na linguagem legal, não faz distinções entre causador da separação e vítima. Porque o código de leis tem a missão de defender a sacralidade do vínculo matrimonial. Isto faz com que muitas pessoas sintam-se abandonadas pela Igreja. Este tema foi abordado no número 85 do documento do Sínodo.  Foi número polêmico. Teve 80 votos contrários num total de aproximadamente 245 votantes. A posição contrária se preocupou em defender a promessa matrimonial de fidelidade e indissolubilidade. Se o casal celebrou o casamento religioso e não havia vícios ou impedimentos anteriores, portanto o casamento foi válido, como abrir espaço para que possa haver admissão à Eucaristia para quem era casado, separou-se e vive nova união? A maioria dos participantes inclinou-se para que se analise caso a caso e se veja o conjunto da vida de quem é recasado. Não se nega o vínculo matrimonial. Ele faz parte do conteúdo da Fé que a Tradição nos traz. O que se propõe é olhar as situações dos que, sem culpa, tiveram a aliança de amor rompida e não merecem ficar no mesmo prato dos que causaram separação. O documento do Sínodo é forte apelo para que cuidemos da Família. Ajudemos aos nossos jovens a ter clareza do que significa dizer que se ama alguém. Recomendo a todos a leitura do documento do Sínodo. Está disponível na internet desde o dia 25 de outubro passado. E já deve estar chegando às livrarias.

© Copyright 2025. Desenvolvido por Cúria Online do Brasil