Homilia da Ordenação Presbiteral do Pe. Elyton Edson de Araújo

Homilia da Ordenação Presbiteral do Pe. Elyton Edson de Araújo

POSTADO EM 20 de Novembro de 2021

                              Image title        Homilia na Ordenação Presbiteral do Diácono Elyton Edson de Araújo

 Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição – Sé Catedral

      Bragança Paulista (SP) - 20 de novembro de 2021

                                     

Irmãos e Irmãs!


Com alegria nos encontramos na Eucaristia, mistério de amor e de comunhão. Dentro de alguns instantes, pela imposição das mãos do Bispo e prece de ordenação, será ordenado presbítero este nosso irmão, Diácono Elyton Edson de Araújo.


Iniciamos o rito da Palavra com o Profeta Isaías, o Profeta do Deus que é santo, é absoluto, consolador do povo, com quem estabelece uma aliança eterna. Como ouvimos, o “Profeta se apresenta com a missão de anunciar uma mensagem de libertação aos mais necessitados. E isto como consequência de uma unção singular do Espírito. Usava-se a cerimonia da unção especialmente na entronização dos reis (cf. 1 Sm 9,16; 16,1.2; 1Rs 1,39). O sentido desse rito era marcar com um sinal externo, no caso com o óleo, estes homens como eleitos e separados por Deus para o governo do povo. Pela unção, o Espírito de Deus descia sobre o ungido (1 Sm 16,13) dando-lhe assim as condições de exercer a sua missão.


Na nossa perícope, a presença do Espírito de Javé é tão forte que o rito do óleo passa para um segundo plano. A consagração a Deus confere ao Profeta a missão de ser mensageiro de uma boa-nova. Esta boa-nova dirige-se em primeiro lugar aos pobres, os “anawim”: pessoas humildes, fiéis a Deus, que sofrem por causa de doenças, da pobreza, de perseguições e prisões. A todos eles é anunciado o fim de seus sofrimentos, a libertação de sua situação de miséria e escravização. Um tempo de graça, um tempo de libertação.


O sentido desses versículos aplica-se perfeitamente ao Novo Testamento. Cristo mesmo os aplicou a si, ao apresentar-se na sinagoga de Nazaré: ‘Hoje se cumpriu este oráculo que acabais de ouvir’” (Lc 4,16-21) (Comentário Bíblico Litúrgico – Mesa da Palavra – Ano B, Vozes).       


Meu querido irmão Diácono Elyton, você está disposto a percorrer este caminho? Como Deus irrompeu na vida do Profeta Isaías, irrompeu também na sua, o chamou e o separou para ele.


Nossa sociedade atual exige profetas corajosos, sem medo, convictos, capazes de se indignar com estruturas sociais injustas e mentirosas, que não têm colaborado para a fraternidade e a solidariedade entre o povo; projetos que afrontam o Plano original de Deus para a pessoa, a família, a sociedade e a natureza. Projetos que relativizam sua presença e ação libertadora, conforme afirmou Bento XVI, ou como se expressou ainda São João Paulo II na preparação da Igreja para o terceiro milênio: muitas são as “sombras do presente”, seja no campo civil, com a violação da dignidade humana, seja no campo religioso – eclesial, com os fundamentalismos que em nada colaboram para a fraternidade e a paz.      

               

Meu caro irmão: hoje você é ordenado presbítero. Seu ministério, pela graça e pela ação do Espírito, deverá manter vivo o testemunho de Jesus levado às últimas consequências. Ele, na cruz, com sua morte e ressurreição, restaurou a condição humana. Considere a sua dignidade: pelas suas palavras e gestos, ele mesmo continua acolhendo, abençoando, reconciliando, anunciando o Reino de Deus, alimentando com seu Corpo e com seu Sangue aquele que se propõe a segui-lo, denunciando o pecado que fere a liberdade humana e impede de ser feliz. Com o Papa Francisco, exorto-o para o encontro com Deus na oração. Ele não o deixará desanimar.


Toda a Igreja, particularmente nossa Diocese, se alegra com você, pois nela você será Padre.  Homem da oração e da comunhão. Permita-me aqui voltar ao Papa Francisco para pedir que cultive a proximidade com o seu Bispo e com os seus irmãos de presbitério, com sinceridade, alegria e transparência. 


O Evangelho de João, há pouco anunciado, “revela toda a grandeza do coração de Jesus Cristo. Ele mesmo apresenta-se como ‘Bom Pastor’. Pode ser que esta imagem não diga muito a nós, filhos da técnica, dos sofisticados meios de comunicação, nós que perdemos a simplicidade da vida nos campos. Tentemos reconstruir na imaginação a vida dura do pastor que acompanha o seu rebanho de ovelhas pelas encostas das montanhas em busca de alimentos mais substanciosos. Este pastor ama as ovelhas, encontra nelas toda a sua riqueza e não mede sacrifícios, colocando-se totalmente a serviço delas.

  

Mediante essa imagem do Bom Pastor, Cristo quis revelar aos homens e mulheres todo o seu carinho, ternura e toda a sua preocupação para com cada um de nós. Como o pastor expõe sua vida para salvar o rebanho do lobo ou dos ladrões, assim o Cristo arriscou e entregou sua vida para a salvação de todos. Arriscou tudo para não se comprometer com os fortes e poderosos de seu tempo. Ele não foi um mercenário: defendeu os pobres, curou os doentes, anunciou a boa-nova aos humildes. Não teve medo de romper com as estruturas do seu tempo, favorecendo os ‘sem voz e sem vez’, os caídos e descartados, libertando-os de toda a escravidão, colaborando na recuperação da dignidade de todos” (Ibidem).


Portanto, no exercício do ministério, não se esqueça da exortação do Apóstolo Pedro: Cuidar daqueles que foram confiados a você, como Deus o quer, ou seja, de coração. E lembre-se que Jesus já havia prevenido seus discípulos contra o instinto da dominação. O rebanho é de Deus; guarde-o com solicitude; sirva-o com alegria, seja modelo dele e, com sua vida e testemunho, torne visível o Cristo fiel e sofredor.  Permita-me ainda referir-me ao Papa Francisco e pedir: cultive a proximidade com o povo de Deus. Lembre-se que você foi tirado do meio do povo para servi-lo e que, antes de tudo, é alguém do meio dele.  

   

Termino com as palavras da homilia ritual da ordenação de presbíteros: “Desempenha, portanto, com verdadeira caridade e contínua alegria, a missão do Cristo Sacerdote, procurando não o que é teu, mas o que é de Cristo”.


A mãe de Jesus, mãe dos sacerdotes, o acompanhe no caminho que hoje você inicia. Amém.


Elyton: “aquele que nasceu em família nobre”. Sua nobreza se expresse sempre na simplicidade, na bondade e no serviço.



Sérgio

           Bispo Diocesano          

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