Homilia “Enxergou ao longe a casa da mãe” - 13 de julho de 2017

Homilia “Enxergou ao longe a casa da mãe” - 13 de julho de 2017

POSTADO EM 18 de Julho de 2017

Diocese de Jaboticabal

Novena Solene – Nossa Senhora do Carmo

13 de julho de 2017


Homilia


Enxergou ao longe a casa da mãe

Curados de nossa cegueira para a luz da vida

Ef 5, 8-17 Lc 18, 35-43


Irmãos e Irmãs!

Com que alegria nos reunimos para celebrar a Eucaristia, memória do Projeto Amoroso de Deus, levado as últimas consequências, pelo seu Filho, na cruz. Ele, é aquele em quem podemos ter a vida, chamada à plenitude, como ouvimos na carta aos Efésios. Nele, a salvação é oferecida a toda a humanidade – salvação que é sempre passagem das trevas para a luz: “...desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e Cristo te iluminará...” (Ef 5, 14b) – referência batismal.

1. Na primeira leitura da missa de hoje, nos deparamos com o apóstolo Paulo. Sua pregação se dá nas grandes cidades (Império), na Ásia menor, as quais viviam na decadência moral, social e religiosa. Vícios e perversões de toda sorte haviam tomado status naquelas sociedades, sobretudo as proezas dos falsos deuses. Nesse contexto, o apóstolo lança um veemente apelo: “Ninguém vos seduza com vãos discursos...” (Ef 5, 6) e propõe uma vida alternativa. E a vida alternativa é a vida em Cristo que é luz, que põe às claras as obras das trevas e abre caminho para a vida na imitação de Deus, como filhos e filhas amados por ele (Ef 5, 1). Com isso chegamos a uma primeira conclusão: ser cristão não é uma filosofia de vida como as outras, não é uma ideia bonita, mas exige estar unido a Cristo e aos irmãos, na santidade e na caridade. Aí se dá a experiência da luz.

2. O Evangelho nos apresenta Jesus passando por Jericó. Ele está a caminho de Jerusalém, onde consumirá sua vida pelo Reino de Deus. Aparece aí o apelo para o seguimento dele como luz que faz vislumbrar a salvação.

Um cego, sentado a beira do caminho, nos ajuda a compreender a identidade de Jesus Cristo, que é luz. Ao contrário dos dirigentes do povo e dos próprios discípulos que querem calá-lo, ele o reconhece como “Filho de Davi”, e mais, como “Senhor”, aquele que todo o povo esperava, capaz de ter piedade dele, um pobre miserável e sem ninguém que ouvisse os seus apelos.

Reconhecer Jesus como o Senhor é a profissão de fé por excelência, aquela mesma feita por Tomé junto à comunidade reunida por ocasião da manifestação do ressuscitado. O cego reconhece quem é Jesus e, uma vez curado, glorifica a Deus, e com ele o povo que havia presenciado o nobre gesto libertador de Jesus.

Somente os pobres, os pequenos e os excluídos à beira do caminho, são capazes de expressar e de buscar a necessidade de salvação. Para além de todos os obstáculos, eles sabem suplicar, implorar, agradecer. Eles nos ajudam a encontrar, a compreender, a acolher Jesus e a nos pormos a caminho com ele.

3. Deus quis que uma mulher – precisamente a sua mãe – nos ajudasse a perceber que o seu filho passa por nós para nos libertar de toda cegueira e escravidão. Ela é Maria, aquela que entre nós apareceu nas águas turvas do Rio Paraíba do Sul: pequena e escura pelo barro. Ela é Aparecida. Precioso sinal – grande mistério do amor de Deus a nos indicar um novo caminho: da escravidão para a liberdade, das trevas para a luz.

Desde então, Maria se tornou o lugar, a casa, a morada para onde muitos acorrem, atraídos por ela, para com ela deixarem-se iluminar e porem-se a caminho com Jesus, que é a verdade e a vida.

São 300 anos que continuam a nos interpelar, fazendo-nos sair para irmos ao seu encontro. Homens e mulheres, crianças, jovens e anciãos, de todas as classes e condições que carregam na vida e no coração uma alegria, uma esperança e por que não uma certeza: encontrar Maria é encontrar Jesus.

Irmãos e Irmãs. Com os três benditos pescadores do Rio Paraíba do Sul, em tempos tão distantes e tão próximos, comprometamo-nos a colaborar para que a nossa sociedade seja envolvida pela luz que procede desta Mãe tão querida, a luz mesma de Deus, abrindo-nos o caminho para eliminar toda forma de cegueira e escravidão de nossos dias.

Prostrados aos vossos pés, vós que aqui sois a nossa Padroeira, invocada como a Virgem do Carmelo, agradecemos tanto carinho, tanto cuidado.

Seja a nossa Diocese um Santuário vivo de onde se expanda o odor de vosso Filho Jesus Cristo, nosso salvador. Ensinai-nos a viver o vosso jubileu sob o título de Aparecida, com alegria e gratidão. “Fazei de nós vosso filhos e filhas, irmãos e irmãs de nosso irmão primogênito, Jesus Cristo”. Amém!


+ Sérgio

Bispo Diocesano

Bragança Paulista


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