FORMAÇÃO LITÚRGICA IV

FORMAÇÃO LITÚRGICA IV

POSTADO EM 13 de Janeiro de 2017

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FORMAÇÃO LITÚRGICA IV

01.Liturgia Eucarística.
“ De fato, eu recebi pessoalmente do Senhor aquilo que transmiti para vocês: Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo que é dado para vocês; façam isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim”. Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11, 23-26).



A Eucaristia é essencialmente o memorial da morte e ressurreição do Senhor sob o sinal do pão e do vinho, oferecidos em refeição, ação de graças e súplica. A Eucaristia é o sacramento por excelência da páscoa cristã. Ela significa, realiza e torna presente e sempre atual o mistério pascal de Jesus. Como pede a Constituição Sacrosanctum Concilium – sobre a liturgia, nº 11, do Vaticano II, dela somos 
convidados a participar de modo ativo, consciente, plena e frutuosamente, sendo com Cristo oferenda espiritual, agradável ao Pai e serviço gratuito aos irmãos.
A liturgia eucarística acompanha, portanto, as ações de Jesus na ultima ceia, desde os primeiros tempos do cristianismo:
- Ele tomou o pão... o cálice... = preparação da mesa com a apresentação dos dons ,
- ele pronunciou a benção (sobre o pão e o vinho) = oração eucarística – AÇÃO DE GRAÇAS, 
- ele partiu (o pão) = fração do pão, 
- ele deu (o pão e o cálice com vinho) dizendo... = comunhão.
A Igreja conservou através dos séculos, esses gestos que constituem a essência da Celebração Eucarística. Em cada Celebração Eucarística, Jesus refaz conosco os gestos de tomar nas mãos o pão e o cálice com o vinho, dar graças, partir e entrega-los dizendo: Isto é meu corpo entregue, meu sangue derramado... é minha vida doada por vocês e por muitos... Comendo deste pão e bebendo deste vinho, vocês ficam unidos a mim, formando como que um só corpo comigo. Façam o que eu fiz. Coloquem sua vida a serviço de Deus, a serviço uns dos outros. Amem-se uns aos outros para que se realize o Projeto do Pai... numa sociedade de iguais, de irmãos, sem excluídos...
A semelhança de nossas refeições, a primeira ação que realizamos na liturgia eucarística é preparar a mesa e apresentar os alimentos. Pão e vinho, frutos da terra e do trabalho humano, são os elementos essenciais trazidos e colocados sobre o altar – nada mais. Conforme o Missal Romano, o pão precisa realmente parecer pão e o vinho seja para todos. O que nem sempre se percebe.
É importante não confundir apresentação das oferendas ou dos dons com ofertório. Por sua vez não deve haver um ofertório nosso, desligado do ofertório de Jesus, pois somos com ele um só corpo! E esse único ofertório acontece no momento em que pela ação do Espírito Santo, nossa vida unida a vida de Jesus, torna-se oferenda perfeita entregue com ele, por ele e nele, em louvor ao Pai na unidade do Espírito Santo. 
A apresentação das oferendas é sempre um momento de alegria, de gratidão, de disponibilidade para fazer de nossa vida um dom a serviço de Deus e dos irmãos. A apresentação das oferendas é em geral acompanhada por um canto e até por alguns gestos. A COLETA, gesto de partilha gratuita com os irmãos, com alimentos, dinheiro ou outras ofertas ganha valor de culto quando integrada nesse mistério. 
Na liturgia eucarística desde o inicio da oração eucarística nós damos graças com Cristo ao Pai. É nossa vocação fundamental dar graças reconhecendo que toda nossa vida é DOM, é GRAÇA, é presente gratuito de Deus, sempre fiel a aliança e, reconhecendo ao mesmo tempo, nossa constante infidelidade. É nossa salvação fazer da vida um dom, uma doação generosa aos irmãos, amando até o fim como fez Jesus.
Dar graças, entregando a vida com Cristo ao Pai. É o que realizamos na grande e solene prece de aliança que é a oração eucarística, enraizada nas bênçãos judaicas, particularmente nas bênçãos de alimentos. Toda refeição judaica e, em particular a ceia pascal, começa sempre por uma ação de graças, uma benção, seguida súplica para que Deus continue sendo pródigo com seu povo. 
Dar graças e bendizer são dois verbos sinônimos que guardam o mesmo significado e indicam os que os judeus chamam (no hebraico) a berâkâh e que o novo testamento chama de eucaristia: no grego eucharistein (eu = bom, bem; charis = graça, dom, favor) quer dizer “quanto é belo, quanto é bom o presente que ofereces!”. 
Em que consiste essa ação de graças que é toda a Oração Eucarística?
Consiste em, juntos lembrar, agradecer, adorando ao Pai pelas maravilhas que fez por nós na pessoa de Jesus, seu Filho amado, principalmente pelo mistério de sua morte e ressurreição. Confiados nessa ação maravilhosa do Senhor, suplicamos que o Pai envie o seu Espírito para transubstanciar o pão e o vinho no corpo sacramental de Jesus e transformar a nós comungantes, no corpo eclesial (da Igreja) do ressuscitado.
Jesus na ultima ceia tomou em suas mãos o pão e o vinho e deu graças primeiro. Depois entregou-os para serem comidos e bebidos. Esta sequencia nos apresenta um dado importante da espiritualidade judaica, calcada na aliança, que foi assumida por Jesus e pelas comunidades cristãs. Bendizer e depois comer. Agradecemos e depois comungamos. O pão que comemos e o vinho que bebemos é o pão e o cálice da benção, da ação de graças (cf. 1Cor 10, 16-18). Atenção: Por ser pouco compreendida, a oração eucarística é feita, muitas vezes, com pressa, sem convicção, sem alegria e que não suscita gratidão... Por isso, ainda é comum pessoas acharem que o momento mais apropriado de agradecer a Deus na missa é só após a comunhão. Pensam que é um momento isolado de ação de graças, quando toda a eucaristia é ação de graças. A doxologia final que exprime a glorificação de Deus, e é confirmada e concluída pela aclamação – AMÉM do povo, é proferida pelo sacerdote presidente sozinho ou por todos os concelebrantes com ele (IGMR, 191). 


ORNAMENTAÇÃO DO ALTAR 
1.
Seja colocado sobre o altar uma toalha de cor branca, que combine, por seu formato, tamanho e decoração com a forma do mesmo altar. Sobre o altar ou ao redor dele, coloquem-se, em qualquer celebração, ao menos dois castiçais com velas acesas ou então quatro ou seis, sobretudo quando se trata de missa dominical ou festiva de preceito ou, quando celebrar o Bispo Diocesano, colocam-se sete. Haja também sobre o altar ou em torno dele, uma cruz com a imagem do Cristo Crucificado. Os castiçais e a cruz, ornada com a imagem do Cristo Crucificado, pode ser trazidos na procissão de entrada. Pode-se também colocar sobre o altar o Evangeliário, distinto do livros das outras leituras (lecionário). Os castiçais e a cruz formem um conjunto harmonioso que não impeçam os fiéis de verem aquilo que se realiza ou se coloca sobre o altar. “Nada sobre o altar pode ofuscar a grandeza do mistério presente a ser contemplado pelos fiéis (IGMR – Instrução Geral do Missal Romano, 268 e 269. IGMR e Introdução ao lecionário, CNBB – texto oficial, 117). 
2.No tempo do advento a ornamentação do altar seja moderada. Na quaresma é proibido ornamentar com flores o altar. As flores podem ser colocadas junto ao altar e ao ambão.


VESTES LITÚRGICAS 
1.
A beleza e nobreza de cada vestimenta decorrem não tanto da multiplicidade de ornatos, mas do material usado e da forma. Os tecidos e as fibras naturais se prestam para essa função, pois tem uma boa caída e quase sempre apresentam um aspecto de sobriedade. A veste litúrgica neutraliza a individualidade daquele que é vestido, para manifestar sua dignidade e sua função. Quanto aos ministros leigos em função litúrgica, jalecos e outras vestes que marcam a forma do corpo são as menos indicadas para o uso litúrgico. Além disso são vestes usadas por profissionais em tarefas não litúrgicas (IGMR, 297 – 310; Guia Litúrgico Pastoral – CNBB, p. 100, nº 11).


VASOS SAGRADOS 
1.
Os vasos sagrados, destinados a receber o corpo e o sangue do Senhor sejam marcados pela nobreza e pela simplicidade, tanto no aspecto material, como no formal. O mais comum é o metal nobre, mais também podem ser feitos de outros matérias sólidos, também nobres, de acordo com as regiões e circunstâncias. Toda a ostentação dos mesmos contraria a grandeza do mistério que eles contem. Sejam conservados com dignidade.
Atenção: Os vasos sagrados são purificados pelo sacerdote ou pelo diácono ou pelo acólito instituído depois da comunhão ou da Missa na medida do possível junto a credência. A purificação do cálice é feita com água, ou água e vinho a serem consumidos por aquele que purifica o cálice. A patena seja limpa normalmente com sanguíneo (IGMR e Introdução ao Lecionário – CNBB, p. 111, nº 279).


A SAGRADA COMUNHÃO
1.
Vivamente recomenda-se aquela participação mais perfeita da missa, pela qual os fiéis, depois da comunhão do sacerdote, comungam o corpo do Senhor do mesmo sacrifício – da mesma Celebração Eucarística. A reserva eucarística é para aqueles que estão impossibilitados de estar presentes. É para ser levada para os doentes e para celebrações nas comunidades, presididas por ministros leigos qualificados.
2.Os párocos podem instruir e dar aos fiéis a comunhão nas duas espécies. Observem as instruções do Missal Romano – IGMR, 240 – 252.


COMO CELEBRAR E VIVER A EUCARISTIA
1.
Privilegiar a Celebração Eucarística: dominical e nos dias estabelecidos pela Igreja (festas e solenidades). Quanto à celebração da missa semanal, o seu estilo seja o da simplicidade.
2.Toda a celebração eucarística é o encontro com o ressuscitado (cf. Lc. 24, 13-31).
3.Cuidar para uma não compreensão mágica da consagração. Muitos reverenciam apenas esse momento, o esperam com ansiedade e não acompanham a ação eucarística como um todo. Não isolar a narrativa da ultima ceia com um tom de voz diferente sem considerar toda a oração eucarística. 
4.Muitos entendem que a aclamação: “eis o mistério da fé” diz respeito unicamente à transformação do pão e do vinho no corpo e no sangue do Nosso Senhor Jesus Cristo. Será necessário chamar a atenção para a resposta que damos a esta aclamação. O mistério da fé que celebramos na eucaristia é o mistério pascal da morte e ressurreição do Senhor Jesus atuante em nossa realidade pessoal e social. Nos domingos e dias solenes convém cantar esta aclamação.
5.O “façam isto em memória de mim” não é uma simples lembrança da pessoa de Jesus, mas deve ganhar densidade bíblica e teológica em nossa vida. É um memorial que permite nos tornarmos participantes da páscoa de Cristo. Ele nos faz passar, juntamente com ele da morte para a vida.
6.Eliminar cantos e gestos devocionais depois da narrativa da última ceia. Exemplo: Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento..., Deus está aqui... procissão com o Santíssimo na Igreja nesse momento.., lembrando que a Eucaristia é o memorial da morte e ressurreição do Senhor. Para as manifestações de louvor e adoração a Eucaristia está previsto ritual próprio.


QUEM CELEBRA A EUCARISTIA?
1.
Devemos tomar consciência de que a Eucaristia é uma ação comunitária – eclesial. É a comunidade como um todo que realiza o memorial; é a comunidade como um todo que oferece o sacrifício de louvor. O presidente da Celebração fala em nome da comunidade. Cada um de nós deve aprender a participar atentamente, conscientemente, prestando atenção nas palavras e nos gestos da oração eucarística, entregando-nos inteiramente nesta ação, livres de folhetos, telões, livretos, bíblia nas mãos... Não posso ficar com uma atitude individual, fazendo minhas orações pessoais, devocionais, como que paralelas à ação comunitárias. Ação comunitária versus devoção individual e intimista.
2.Não podemos trocar a ação de graças que é a Eucaristia por um exibicionismo religioso, tanto da parte de quem preside como por parte dos fiéis; fazer da Eucaristia um consumo de bens religiosos; cuidar com as encomendações de missas, sobretudo, com sufrágios e demais intenções; não fazer da missa um show, um espetáculo de divertimento. A disposição do espaço litúrgico favoreça a participação da assembleia celebrante.


UMA CONSIDERAÇÃO SOBRE A SACRISTIA 
A sacristia – “pequeno sagrado” é sempre uma extensão do templo onde se encontra o necessário para celebrações. O ideal é ter duas sacristias, a grande sacristia para os paramentos litúrgicos localizada próxima a entrada da Igreja e a sacristia de apoio perto do presbitério, onde se encontra somente o necessário para missa. A sacristia como parte do templo seja harmoniosa bem arrumada, lugar de respeito de silêncio de concentração para quem preside, ministros, e demais participantes da equipe de celebração. nunca seja depósitos de entulhos mas espaço harmonioso e acolhedor (Guia Litúrgico Pastoral, p. 102, nº13). 


+ Sérgio,
Bispo Diocesano


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