Glorificação de Cristo e começo da Missão

Glorificação de Cristo e começo da Missão

POSTADO EM 31 de Maio de 2017

GLORIFICAÇÃO DE CRISTO E COMEÇO DA MISSÃO

 Por Mon. Giovanni Barrese

Nodomingo que passou e neste que se aproxima a liturgia católica celebrou ecelebra as festas que dão título à presente reflexão. Quando lemos os Evangelhos,os Atos dos Apóstolos percebemos que, com nuances diferentes, eles relatam avolta de Jesus ao Pai e o seu mandato aos discípulos para que fossem pelo mundotodo anunciando o seu Evangelho. Lucas é o que escreve, mais detalhadamente noEvangelho e em Atos dos Apóstolos, a volta do Senhor ao Pai. Mateus e Marcos sefixam mais no mandato evangelizador. Sabemos que os evangelistas e suascomunidades nos quiseram legar um testemunho de fé.

Os evangelhos não são – ésempre bom recordar isso - crônica ou história de Jesus. São escritostestemunhais para que os contemporâneos e os que viessem no futuro acreditassemque “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais a vida emseu nome” (João 20,31).  Os autoressagrados descrevem – se assim podemos dizer – a cena da ascensão com ovocabulário e as categorias próprias da linguagem e da mentalidade do seutempo. A intencionalidade é afirmar a glorificação de Jesus. A plena realizaçãoque ele dá à vontade salvadora do Pai. Sentar-se à direita do Pai é uma fórmulapara afirmar a plena divindade daquele que sendo Deus se fez carne! 

Jesus de Nazaré, torturado e morto na cruz,vive e é Senhor! O aparente fracasso de sua missão é superado com a sua entradano céu, morada de Deus. Para compreender bem isto é só lembrar a passagem dosdiscípulos de Emaús: Cléofas e seu companheiro voltavam para casa completamentederrotados. Aquele Jesus que fizera milagres e ensinara tantas coisas – e quetinha enchido seus corações de esperança – tinha sido morto cruelmente. E jáfazia mais de três dias quer estava morto. Mulheres não tinham encontrado o seucorpo. Falavam de anjos que diziam que ele estava vivo. Mas ninguém o tinhavisto!

No caminho para sua aldeia, Jesus junta-se aos dois. Eles não oreconhecem. Na conversa que se estabelece Jesus vai apontando o que dele sedizia na Escritura. Quando é convidado a permanecer na casa e, à mesa parte opão, os dois acordam. E voltam correndo para Jerusalém para anunciar o Senhorvivo (Lucas 24,13-35). A ideia mestra da narrativa da Ascensão é dizer que amissão de Jesus se encerra e a continuidade da mesma encontra-se, agora, com osdiscípulos. Jesus não estará mais visivelmente presente. Permanecerá com osdiscípulos “até a consumação dos séculos” (Mateus 28,20). Para que osdiscípulos possam realizar a missão o Senhor lhes promete enviar “o Espírito daVerdade”, o “Defensor” que permanecerá para sempre com eles (João 14,16ss.).

Quando de uma aparição, Jesus (João 20,21ss.) sopra sobre os discípulos, lhesdeseja a paz e os envia como o Pai o enviou. Esta cena remete ao Gênesis nadescrição da criação do homem: Deus sopra sobre a argila para que aquele sertenha a sua vida, o seu hálito, o seu espírito (2,7). O sopro de Jesussimboliza o sopro de uma nova criação. São novos seres humanos que recebem osopro divino para continuar com ele, nele e por ele a missão do anúncio da BoaNova. A festa de Pentecostes abre de forma grandiosa o início da missãodaqueles que se reuniram ao redor de Jesus e nele colocaram sua esperança (1Pedro 3,15). Aqui nasce a igreja. Animada pelo Espírito de Jesus, pela suamesma vida, vai caminhando pela história como servidora na construção do Reinode Deus. O fogo do Espírito transforma amedrontados e covardes em pregadoresdestemidos. Lá onde a linguagem humana é frágil a linguagem do fogo do Espíritoé entendida por todos independentemente de nação, raça, etc. E o anúncio doCristo morto e ressuscitado começa a transformar vidas. O fogo do Evangelho vaise espalhando. E chega até nós. Somos herdeiros da fé vivida ao longo dos maisde 2000 anos de caminhada cristã. Hoje a tarefa do anúncio é nossa.

Alicerçadosna certeza do Cristo Senhor glorificado, presente em nosso meio, vivificadospela força do seu Espírito, devemos ser sinal do amor de Deus para com todas aspessoas. Testemunhas que anunciam com palavras e exemplos. Testemunhas vivas afalar a linguagem entendida por qualquer pessoa. Testemunhas a viver aradicalidade das palavras pronunciadas.

Missão é a palavra chave dos nossosdias. Ir ao encontro daqueles que já levam a marca cristã do batismo, mas estãolonge das suas comunidades. Ir ao encontro dos outros cristãos para que orebanho do Senhor chegue à unidade. Ir ao encontro daqueles que pouco sabem deDeus. Ir ao encontro dos que não conseguem crer em Deus porque, muitas vezes,nossa pregação não ilumina nossas ações. Caminho longo a ser percorrido. Árduo.Carregado, todavia, da Esperança que leva avante a certeza de que o Senhor estáconosco!

 

 

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