Creio na Comunhão dos Santos

Creio na Comunhão dos Santos

POSTADO EM 01 de Novembro de 2016

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Por. Dom Sérgio Aparecido Colombo


Irmãos e Irmãs!

A liturgia celebra no mês de novembro dois acontecimentos que são caros ao povo cristão católico: A Solenidade de todos os Santos no dia primeiro e a Comemoração de todos os fiéis defuntos no dia dois. Os Santos cantam sem cessar a glória de Deus Diante do Cordeiro Imolado, na grande assembléia da nova Jerusalém, destino final de toda a humanidade. Para lá caminhamos entre luzes e sombras, animados pela ação do Espírito que habita em nós, e pelo testemunho exemplar dos Santos. Com eles reconhecemos as maravilhas do amor de Deus que dá o verdadeiro e derradeiro sentido às nossas vidas. A cada ano, na festa de todos os Santos, somos convidados a retomar nossa vocação de filhos e filhas de Deus: a SANTIDADE, que consiste na entrega generosa da vida pela causa do Reino de Deus.

Na comemoração dos fiéis defuntos, a certeza de que Deus não nos fez para a morte, mas para a vida. Ele é o Deus da vida, “o amigo da vida” (Sb 11,26). D’Ele saímos e para Ele estamos voltando. Morrer é mergulhar N’Ele para viver com Ele a vida em plenitude. Eis o grande mistério que, se nos assombra e ultrapassa, nos faz livres em relação a tudo e a todos para poder abraçá-lo. Não podendo explicá-lo com os recursos da razão, recorremos ao Criador e Senhor de todas as coisas, que tudo mantém na existência e que desde sempre tem em suas mãos o nosso destino. Mesmo se a dor e os infortúnios nos acompanham cotidianamente, vale a pena viver. A vida é sempre o grande Dom de Deus a ser acolhido e amado em todas as circunstâncias para ser vivido intensamente.

Na homilia da celebração eucarística, na abertura da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, no dia 13 de maio de 2007, assim se expressou o Bento XVI: “A Igreja peregrina vive antecipadamente a beleza do amor que se realizará no final dos tempos na perfeita comunhão com Deus e com os homens. Sua riqueza consiste em viver, já neste tempo, a ‘comunhão dos Santos’, ou seja, a comunhão nos bens divinos entre todos os membros da Igreja, em particular entre os que peregrinam e os que já gozam da glória.

Constatamos que em nossa Igreja existem numerosos católicos que expressam sua fé, sua pertença, de forma esporádica, especialmente através de gestos de piedade, em relação a Jesus Cristo, à Virgem Maria e sua devoção aos Santos. Convidamos a esses irmãos e irmãs a aprofundarem sua fé e participação mais plenamente na vida da Igreja, recordando-lhes que ‘em virtude do batismo, são chamados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo’” (Documento de Aparecida, n.o 160). Assim, compreendemos que não é possível ser santo sem identificação com Jesus Cristo, e alegre e convicto testemunho de sua pessoa e de suas obras.

Em nossa sociedade utilitarista e consumista, sociedade da busca dos bens para aqui e agora, sem ética e sem princípios humanos e cristãos, que prescinde sempre mais do Deus da vida, e de seus projetos, olhamos para a meta de nossas vidas e nos alegramos na esperança da realidade do encontro final, encontro animado desde agora pela confiança, pratica da justiça, solidariedade e acolhimento do outro, sobretudo daqueles que sofrem sob tantas formas de violência. Esse é o testemunho inconfundível que toda a Igreja é chamada a dar.

É nesse tempo que começamos a vislumbrar novos céus e nova terra, e o que pedimos é o que rezamos na Oração Eucarística sobre a reconciliação – I: “Ajudai-nos, ó Deus, a trabalhar juntos na construção do vosso Reino, até o dia em que, diante de vós, formos santos com os vossos santos”.

Façamos nossa a expressão do abade São Bernardo, “...Desejemos aqueles que nos desejam. Apressemo-nos ao encontro dos que nos aguardam. Antecipemo-nos pelos votos do coração aos que nos esperam. Seja-nos um incentivo não só a companhia dos Santos, mas também a sua felicidade. Cobicemos com fervoroso empenho também a glória daqueles cuja presença desejamos. Não é má esta ambição nem de nenhum modo é perigosa a paixão pela glória deles”.


+ Sérgio

Bispo Diocesano

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