A QUEM OUVIR POR PRIMEIRO?

A QUEM OUVIR POR PRIMEIRO?

POSTADO EM 14 de Abril de 2016


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Um texto inicial do livro Atos dos Apóstolos (5,27ss.) narra uma das tantas prisões sofridas pelos seguidores de Jesus Cristo. Estamos nos inícios da comunidade cristã. Ela sofre perseguição pelas forças do Império Romano porque vista como subversiva. Sofre perseguição das autoridades político-religiosas da sociedade judaica com a justificativa que era o espalhar de um ensinamento que não resguardava a tradição e, ao mesmo tempo, colocava o relacionamento com Deus na esfera da liberdade e da misericórdia. Fazia com que as pessoas não ficassem sob o jugo da estrutura montada a partir dos teólogos do Templo. Ao serem os apóstolos levados diante das autoridades judaicas, Pedro toma a palavra de diz: “É preciso obedecer antes a Deus que aos homens”. Uma frase lapidar para quem crê na ação de Deus na história. Sabemos que uma das maiores dificuldades que carregamos é a da solidariedade, da fraternidade. Somos marcados pela tendência ao egoísmo, a centrar a vida em nós mesmos. Por conta disso chegamos até a fraudar as pessoas mais queridas. Ou não se conhecem situações de exploração onde se pensava que jamais existiriam? Disse, em outras ocasiões, que o individualismo carrega em si a tendência a levar vantagem em tudo e sobre todos. Citei, em algumas ocasiões, o surgimento da Lei de Gerson a partir de uma propaganda de cigarros onde afirmava que fumar tal marca era coisa excelente porque era necessário “Levar vantagem em tudo, certo?”. Não nos é difícil perceber este modo de pensar e agir deixando os outros para trás! Afinal temos que ser espertos! Devemos deixar de ser bobos, trouxas e outros qualificativos do mesmo teor. Portanto, se houver oportunidade para algum proveito que se esconda de alguma forma, por que não? O que temos assistido com a enxurrada de denúncias do desvio do dinheiro das empresas e órgãos públicos para manobras de corrupção está nos atazanando todos os dias. Além do mais caminha a corrupção de busca de encargos pelo QI (quem indica). Estamos abandonando o agir por mérito e competência. Valem os interesses e os conluios das oportunidades. As mancomunações de momento. Oportunidades, interesses, mancomunações líquidas e solúveis ao sabor da grana e da influência. Por que este triste quadro? Limito a reflexão àqueles que cremos em Deus como referência absoluta para a prática da vida. Agimos fora da ética e da moralidade porque não ouvimos o que Deus fala e se ouvimos não seguimos. Fazendo referencia à fé cristã ela traz parâmetros claros para o agir. Se não quisermos ser prolixos basta reduzir tudo à resposta de Cristo ao fariseu quando este lhe perguntou qual era o maior mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22, 34-40). Se temos os ensinamentos da Fé que assumimos não sobra lugar para atender pedidos que não se coadunem com a expressão religiosa. O pecado reside no fato de separar o que se crê (ou se diz crer) e aquilo que se faz. Não pode acontecer esta divisão. A fé deve iluminar e impulsionar a ação. A coerência entre fé e vida não aprisiona nem crente nem descrente. Ela é norma de vida que se assume. E assumindo torna livre quem a ela adere porque tem a convicção de que esse caminho é aquele que constrói convivência. Os tempos sofridos e desesperançados que estamos vivendo mostram um pouco aonde se pode chegar quando a falta de valores de humanidade vão tomando conta. Não só dos que tem algum tipo de poder e autoridade. Mas, também, daqueles que na base da pirâmide social se vendem ao passar a perna em quem é menos esperto!

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