Esqueço o que fica para trás e me lanço para o que está à frente! (Cf. Fl 3,13)

Esqueço o que fica para trás e me lanço para o que está à frente! (Cf. Fl 3,13)

POSTADO EM 08 de Abril de 2022

Esqueço o que fica para trás e me lanço para o que está à frente! (Cf. Fl 3,13)

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Esta frase está na perícope que ouvimos neste 5° domingo da quaresma. A interpretação da Palavra quer nos fazer animar e encorajar na certeza de que devemos considerar tudo como lixo, perder tudo para ganhar a Cristo. Descobrir que não há vantagem maior que buscar o conhecimento de Cristo e unir-se à Ele. São Paulo orienta que não devemos realizar a justiça na Lei, mas na fé, ou seja, na força da ressurreição. Ele tem consciência de que não alcançamos a perfeição mas sabe que devemos buscar assemelhar-nos com Cristo até a morte. É por isso que se deve esquecer o que fica para trás e lançar-se para o que está à frente, isto é, a meta, a própria realização enquanto realização em Cristo.

Neste sentido, o Evangelho proposto como lição, a mulher adúltera, ajuda-nos à compreender que buscar o conhecimento de Cristo é uma atitude permanente - metanoia -conversão, primeiramente da mentalidade e consequentemente da prática. Deixar para trás uma mentalidade própria dos fariseus cuja justiça está na Lei e sua interpretação é baseada no legalismo e dogmatismo. Lemos no Evangelho de João 8,1-11 que os fariseus expõem uma mulher em situação de adultério. Baseados na justiça pela Lei indagam a Jesus sobre a sua posição em relação à mulher que deve ser apedrejada conforme a Lei de Moisés.]

A perícope da mulher adúltera também foi o texto bíblico escolhido para a reflexão da proposta da Campanha da Fraternidade. Entre tantos objetivos, propor uma reflexão sobre o ato de educar com amor os irmãos e ter esperança no ser humano foi a tônica de sua intenção. A interpretação proposta pela Campanha da Fraternidade para esta perícope oferece uma leitura que ajuda a compreendermos a conversão da mentalidade e da prática farisaica para uma consciência cristã. O texto-base lê a atitude dos fariseus como prática de quem ensina pela lei enquanto Jesus fala com sabedoria e ensina com amor (Cf. Pr 31, 36). Jesus questiona a justiça pela Lei que não conhece a misericórdia e está pronta para matar: "Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!" (Cf. Jo 8,7) E escrevendo com o dedo no chão, ensina que a Lei é o Amor, é o seu Amor misericordioso por cada pessoa humana. E este amor expressa-se nas palavras: "Eu também não te condeno, vai e não peques mais!" (Cf Jo 8, 10-11). A justiça na Fé que se baseia na força da Ressurreição dá-se pelo próprio Espírito que faz novas todas as coisas, renovando a mentalidade e a prática, fazendo com que cada vez mais assemelhemo-nos à Ele.

Que em nosso ato de educar esqueçamos o que fica para trás, deixemos as pedras, e lancemos para o que está à frente, a experiência permanente da misericórdia do Senhor, que nos faz viver desde já como ressuscitados, isto é, reconciliados com Deus, os irmãos e irmãs, e a natureza. Esqueçamos o que fica para trás, vamos para frente, voltar-se para Deus é ir em frente, pois é para frente que se anda. O perdão liberta, cura, traz dignidade e salva. A reconciliação é maravilha de Deus em nossa vida. Vamos, em frente, reconciliados na misericórdia de Deus que não nos condena. Amados e perdoados por Deus também amemos e perdoemos aos irmãos. Manifestemos ao mundo a maravilha do Ressuscitado, o amor do Pai que nos quer vivendo no mundo a fraternidade.


Pe. Jose Antonio Boareto

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