Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae

Ludus est necessarius ad conversationem humanae vitae

POSTADO EM 03 de Janeiro de 2022

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O brincar é necessário para (levar uma) a vida humana (Tomás de Aquino, Suma Teológica II-II, 168, 3, ad 3)


São Tomás de Aquino como um bom “homem da sua época” observava a importância da diversão na vida do homem medieval. O riso, o bom humor, a diversão, fazia parte da vida do homem apesar do desespero com o medo do futuro incerto. A diversão fazia com que o homem ao menos vivesse menos atormentado com o medo do julgamento final. Hoje, o Magistério da Igreja e mesmo a teologia ajudam-nos a interpretar a realidade do paraíso, inferno e purgatório enquanto “estados” e não “lugares”. Cada um de nós deve empenhar-se em passar a vida amando e fazendo o bem, pois como diz a famosa frase de São João da Cruz e que parafraseava Santa Teresa de Cálcuta: “Seremos julgados pelo amor!”


Atualmente percebemos o quanto faz-se necessário novamente redescobrir a importância de “brincar” diante da “sisudez”. O lúdico (etimologicamente brincar) pode ser entendido como brincar e ou mesmo descansar. É a experiência da diversão que torna as pessoas mais humanas. Somos uma sociedade do cansaço porque infelizmente estamos produzindo cansaços desnecessários. Observe quanto tempo você usa para as redes sociais. Será que todo este tempo é necessário, não estaria você produzindo um cansaço desnecessário? E como fica o tempo para a conversa com as pessoas, o estar com os seus e amigos mais próximos?


A lógica do capital é desumana, pois o tempo precisa produzir lucro e assim não é possível ser humano. E sendo tratados como máquinas não podemos parar. Não estamos conseguindo ser senhores do tempo mas escravos do cronômetro. Neste sentido também devemos nos perguntar sobre a energia que gastamos em “fazer” coisas. Já foi dito que o adulto está ausente das nossas igrejas e da sociedade, e sim, o ativismo sem rumo expressa o infantilismo de uma sociedade narcísica.


O Cardeal Tolentino ensina-nos que a questão é cada um de nós discernirmos e fazer uma conversão do tempo. Cada um de nós deve criar momentos, espaços, encontros, possibilidades no tempo. E aqui não se trata de fazer um “planner” (que ajuda) para ter o “controle do tempo”, mas sim qualificar o tempo. É atitude filosófica o que se pretende, isto é, cada um reconhecendo a capacidade que tem de pensar por si mesmo e escolhendo e priorizando o que é mais fundamental em sua vida.


E aqui é que faz sentido essa afirmação de São Tomás de Aquino sobre a importãncia de brincar para levar uma vida mais humana. Que horas você brinca? Que momento você tem para brincar com sua família? Que horas você brinca com seus amigos? Que horas você tem para a diversão? Outras perguntas você poderia fazer, e espero que faça, pois há muitas outras realidades que precisam de atenção em nossa vida, por exemplo, que horas você reza? Que horas você tem seu encontro pessoal com Deus? E com a família? E com a comunidade? Que horas participa da Missa? Que horas participa do grupo pastoral ou movimento? Que horas você realiza suas obras de misericórdia? Que horas você doa seu tempo para a solidariedade aos mais pobres? Que horas você estuda? Que horas você pratica seu exercício físico? Que horas você se alimenta? Que horas você dorme e levanta?


Ao iniciar este novo ano, desejo a você e a sua família que descubram a importãncia de brincar não só em alguns momentos mas todos os dias. Que o riso largo, o bom humor, a alegria acompanhe vocês em seu caminho de paz com o Deus da Vida. Feliz 2022. Este ano será melhor!



Pe. José Antonio Boareto

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