Conversão Ecológica

Conversão Ecológica

POSTADO EM 01 de Março de 2017

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Por: Pe. José Antonio Boareto

    Hoje a Igreja convida-nos a entrar no tempo da Quaresma, que se inicia com a Celebração Eucarística e a distribuição das cinzas e abertura oficial da Campanha da Fraternidade em todo país.

    Serão quarenta dias que nos lembram o período que Jesus foi tentado no deserto, como também o tempo que ficou o povo de Deus exilado. A liturgia ressalta a importância deste tempo como ouvimos na Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação”. (2 Cor. 5, 21).

    É o momento favorável para a conversão, na primeira leitura vamos ouvir do livro do profeta Joel: “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. (Jl 2, 12).

    Conversão é “voltar com todo o coração” e os exercícios que favorecem este voltar para o Senhor são o jejum, a esmola e a oração. Esses exercícios devem estar acompanhados da atitude de “rasgar o coração e não as vestes” sabendo que Deus é “cheio de misericórdia e inclinado a perdoar o castigo”.

    No Evangelho, Jesus retoma esses exercícios com os seus discípulos e os instruí orientando a tomarem o cuidado para não ser algo de aparência apenas e sim que seja de fato uma atitude sincera e verdadeira de coração. Lemos no Evangelho: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serem vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus”. (Mt 6, 1).

    Dentro deste tempo favorável para estes exercícios, a Igreja no Brasil através da CNBB oferece a cada ano uma Campanha da Fraternidade que colabora para que possamos ir descobrindo as realidades que precisam ser convertidas e ou mesmo nossas atitudes em relação ao projeto de fraternidade do Reino.    

    E este ano a Campanha da Fraternidade com o tema Fraternidade: Biomas brasileiros e defesa da vida quer justamente nos convidar a tomar consciência do pecado que cometemos ao ferir nossa relação com Deus através de sua criação.

    Somos vocacionados para “cultivar e guardar a criação” (Gn 2, 15) mas compreendemos de forma errônea e ao invés de cuidar da natureza e do próximo, o que fizemos foi dominar e explorar sem limites a natureza como também o ser humano.

    A Igreja nos convida a buscar uma conversão ecológica, isto é, mudarmos nossa mentalidade de se relacionar com Deus, reconhecendo que a fraternidade a qual nos chama é o cuidado com o próximo e também com a natureza, reconhecendo que se faz necessário ouvir o grito da terra e dos pobres.

    Nesta Campanha da Fraternidade procuremos descobrir o bioma que estamos inseridos. Busquemos conhecer a biodiversidade e a sociodiversidade da Mata Atlântica. Convertamo-nos para que possamos cuidar melhor da Mata Atlântica e também dos povos originários que aí vivem, nossas comunidades indígenas e quilombolas, outras comunidades tradicionais, migrantes e imigrantes e toda a população urbana que se concentra sobre este bioma.

    São Francisco de Assis nos inspire a redescobrir as maravilhas do Senhor que podemos contemplar na sua criação. E assim como ele cantemos louvando o Senhor por suas criaturas: Louvado Seja, Meu Senhor!

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