É Carnaval!

É Carnaval!

POSTADO EM 24 de Fevereiro de 2017

É CARNAVAL!

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Por Monsenhor Giovanni Barrese

Quando se fala em carnaval sempre se buscam suas origens. Elas são múltiplas e bem variadas. Hoje ficou mais fácil buscar notícias no Google, Wikipedia, etc. Normalmente os historiadores vão buscar a origem do Carnaval nas fontes da nossa civilização. Suas raízes estariam nos ritos de fertilidade e das colheitas celebrados no Egito e no Crescente Fértil. Mais proximamente, na Grécia antiga, o carnaval seria uma expressão nova dirigida a Dionísio, deus do vinho, de algum modo também ligado à vida agrícola. Da Grécia para Roma a festa era feita ao deus Baco (nome latino de Dionísio). Posteriormente a celebração das Saturnais (Saturno, deus do Tempo) tomou totalmente o espaço revestindo-se da festa pela liberdade e igualdade entre as pessoas. Há ainda quem diga que existe certa ligação com a deusa do amor Afrodite (Vênus para os romanos).

Uma teoria mais próxima a nós coloca a palavra carnaval na Idade Média surgida, possivelmente, da expressão “carrum navalis”, que designava os barcos adornados para a festa de Baco-Dionísio. Para outros a origem seria derivada do costume da Igreja católica de preparar a festa da Páscoa com um sinal penitencial. Assinalado um tempo simbólico de quarenta dias, a “quaresma”, os cristãos eram convidados a “deixar a carne”. Fazia-se uma festa que servia de despedida desse alimento. Essa quaresma servia para preparar a celebração que fazia memória do sofrimento e da morte de Cristo até desembocar no glorioso dia da sua Ressurreição. Como se vê há teorias para todos os gostos!

Ao falar do Carnaval muito se fala se vale à pena, se é coisa boa, se é elemento forte para incentivar o turismo, se o Poder Público deve subvencionar as Escolas de Samba, se é pecado, etc. Penso que as expressões culturais, festivas fazem parte de nossa vida. Naturalmente que não pode haver aprovação quando a coisa se encaminha para atitudes que não dignificam ninguém. O grande desafio do carnaval dos nossos dias está na exploração sexual e nas diferentes drogas oferecidas.

Em muitos lugares o carnaval tornou-se ocasião para expor o corpo humano para satisfação única e exclusiva do instinto sexual. Os corpos tornam-se objetos do desejo. Entra-se num clima de “liberou geral” com os excessos do álcool e de outras “mercadorias. Não existe mal em festejar. Aliás, é necessário festejar. São as festas que nos mostram a beleza que a vida pode ser quando os encontros, os gestos de afeto, as presenças das pessoas fazem experimentar o quanto é bom conviver! O risco está em limitar a “alegria” ao que se possa consumir de humano e de outros “produtos”. Esse tipo de atitude escraviza e destrói. Muita gente exorciza o carnaval pelos seus abusos. E é justo.

Creio, todavia, que uma ação educativa de largo espectro poderia redimensionar essa festa dando-lhe ou devolvendo-lhe as características construtivas de momento de confraternização alegre e “spensierata”, como dizem os italianos. Penso que vale a pena ser sonhador! A grande capacidade que o ser humano tem é a de compreender que pode ser melhor. E aquilo que realiza também.

Por que não começar um trabalho de formiga para mudar a tônica do tríduo momístico? Tenho certeza que a maioria dos pais gostaria de ver filhos e filhas inteiros e felizes durante e depois do carnaval. Por que não começar uma valoração diferenciada nos diálogos escolares? Por que não falar daquilo que pode dignificar o viver da alegria, do encontro, da festa, do descanso que o carnaval pode oferecer? Por que não mostrar que não vale a pena de confundir liberdade com libertinagem? Creio que é uma questão de escolha! E é melhor escolher certo! Neste campo há muito que fazer.

Mais uma vez o Ministério da Saúde, sob o sofisma de que é melhor prevenir que remediar, se coloca como distribuidor de preservativos. A tal camisinha será distribuída de graça. Com o seu, o meu, o nosso dinheiro! O Ministério diz que o tratamento das DST, AIDS, etc. é muito mais dispendioso e será pago também com o dinheiro do contribuinte. No raciocínio raso isto tem sentido. Numa visão mais ampla seria importante que na “empolgação” nunca fossem tomadas decisões ou fossem usados gestos (como a relação sexual) que exigem consciência e responsabilidade. Parece, contudo, que uma campanha educativa que levasse as pessoas a ter visão mais profunda sobre comportamento, sexualidade e diversão (independentemente de uma determinada visão religiosa) não interessa muito. Resta esperar que não tenhamos acréscimo de infectados e de filhos da empolgação!

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