Enamorados do Mestre e pastores com cheiro das ovelhas

Por: Pe. José Antonio Boareto

O Papa Francisco por ocasião do seu discurso à Congregação para o Clero (03 de outubro de 2014) reunida em Plenária disse: “trata-se de conservar e desenvolver as vocações, para que produzam frutos maduros. Elas constituem um “diamante bruto”, que deve ser trabalhado com habilidade, respeito pela consciência das pessoas e paciência, para que resplandeçam no meio do povo de Deus”.(Cf. O Dom da Vocação Presbiteral, 2016, p. 2).

Entre outras intenções, lemos na Ratio: “A idéia de fundo é que os Seminários possam formar discípulos missionários “enamorados” do Mestre, pastores “com cheiro das ovelhas” que vivam no meio delas para servi-las e conduzi-las à misericórdia de Deus. Por isso é necessário que cada sacerdote se sinta sempre um “discípulo a caminho”, carente constantemente de uma formação integral, compreendida como contínua configuração a Cristo. (Cf. O Dom da Vocação Presbiteral, 2016, p. 5).

É esse caminho que pretendemos percorrer. A famosa frase do teólogo Karl Rahner: “O cristão do futuro, ou será místico ou não será cristão”, faz eco, ao que disse o Papa Francisco aos sacerdotes na entrevista que deu ao jornal belga: “Não tenham vergonha da ternura. Hoje se necessita de uma revolução da ternura neste mundo que sofre de cardiosclerose”.

Lembremos ainda o que ele disse aos jovens quando entregou a eles o DOCAT (Como agir?): “Um cristão que não é revolucionário em nossos tempos, não é um cristão de verdade”. Portanto, os jovens vocacionados que chegam como um “diamante bruto” precisam ser lapidados para virem a resplandecerem no meio do povo de Deus.

A formação presbiteral deve ajudar os jovens a acolherem o dom da vocação presbiteral que receberam do Senhor e favorecer que eles possam crescer no amor a Cristo. Tornar-se verdadeiramente enamorados do Senhor e por isto mesmo nesse caminho precisam ir se descobrindo inteiramente e ao mesmo tempo precisam sair, ser discípulo missionário, ir ao encontro, tocar na carne sofrida do pobre o próprio Cristo.

Apreender da experiência de encontrar Jesus naquele que sofre, sendo misericordioso, solidário e não indiferente a sua dor. Ser pastor com o cheiro das ovelhas. Um pastor próximo de suas ovelhas e que caminha com o povo de Deus.

Nossa maior preocupação hoje é ajudar os jovens a fazer uma experiência com a Pessoa de Jesus Cristo que transforme definitivamente o horizonte deles dando um novo sentido para viver que se compreenda no próprio ministério, Isto é, na vocação que receberam como dom.

E que esse encontro, essa certeza oferecida pela fé, torne-os capazes de cada vez mais amar como Jesus amou, buscando se identificar mais e mais com Ele. Crendo no amor de Deus, possam eles amar, procurando, cuidar cada vez mais, seja da sua relação com Deus, com a natureza e o próximo.

Nessa perspectiva de uma conversão ecológica como propõe o Papa Francisco na “Laudato Si” que queremos oferecer a formação. Ensinando-os a uma nova compreensão de uma “ecologia integral” onde aprendemos que é preciso escutar o grito da terra mas também dos pobres, preocupados em cuidar do nosso bioma e defender seus povos originários.

José Antonio Boareto

Reitor do Seminário Maior Imaculada Conceição