ALEGRIA!

ALEGRIA!

POSTADO EM 12 de Dezembro de 2016

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Neste domingo celebrou-se, na liturgia católica, o domingo "Gaudete” (gaudere é um verbo latino que significa “alegrar-se”). É caracterizado pela cor rosa dos paramentos. Ameniza o roxo belo e triste usado para lembrar o agridoce da espera Daquele que vai chegar! Uma antiga tradição tomou o verbo que dá início ao trecho do capitulo 35 de Isaías (repetido em outros capítulos) e o colocou como palavra fundamental na celebração do penúltimo domingo de preparação ao Natal. Com certeza, a razão dessa escolha, está na constatação de que a profecia de Isaías ia mais longe que o momento no qual ele falava e buscava despertar a esperança de um povo que teve cidade e templo destruídos, gente válida escravizada, humilhada. Estamos na segunda metade do século VI A.C., tempo da escravidão na Babilônia e de suas terríveis consequências. O profeta Isaías já usara as imagens da reconstrução para falar que o Monte Sião seria o ponto de convergência não só de Israel, mas de todos os povos e que armas não mais existiriam. Seriam transformadas em utensílios de trabalho. Poeticamente tinha anunciado a reconciliação da natureza colocando animais selvagens a pastar e descansar com animais domésticos. Nessa imagem acalentava o sonho de uma reconciliação que parecia impossível. No trecho presente, um profeta desconhecido, também vivendo o exílio na Babilônia, alude à transformação do deserto e da terra árida em regiões banhadas por água abundante, cheias de plantas e flores. Passa-se a falar da recuperação das forças físicas para quem está com “mãos abatidas e joelhos cambaleantes”. Deus será o vingador do seu povo. A sua presença fará paralíticos andarem, cegos enxergarem, surdos ouvirem. Esta profecia será retomada por Jesus quando responderá a pergunta dos discípulos de João Batista se ele era o Messias ou devia esperar outro (Mateus 11,2-6). Estes textos bíblicos são completados por pequena leitura da carta de São Tiago (5,7-11) onde, por seis vezes, se coloca a exortação à paciência. diante dos sofrimentos e desafios. O que depreender da Palavra de Deus proposta nestas leituras? Tenho a impressão que o fundamental é percebido por todos os que creem no projeto divino da Salvação. A certeza do amor fiel de Deus deve encontrar em nosso coração a serena certeza que não deixa lugar para o desespero. Porque quem acredita em Jesus Cristo como Emanuel, isto é, “Deus conosco”, sabe que a última palavra sobre nossa vida será sempre dele. E será uma palavra de Vida. O convite à alegria que Isaias e o profeta anônimo nos fazem não tem nada a ver como uma falta de consciência da situação real em que se vive. Pelo contrário. É buscar no concreto do que se vive a luz que ilumina e leva a agir para transformar a realidade.  Afligem-nos a violência, a corrupção, o desemprego, as muitas dificuldades naquilo que se refere a trabalho, educação, etc. Se avançarmos para o campo da corrupção vemos como a situação vai matando, de forma sutil, pela descrença nos valores éticos e pelos recursos que não chegam onde deveriam. Mais ainda pela impunidade. Porque a rede que deve tecer o desvio do dinheiro público é grande... Diante dessa amostra é natural que se faça a pergunta: Como alegrar-se? Entra aqui a dimensão da fé que move a fazer o que se deve, tal como o agricultor que desempenha seu trabalho, fazendo tudo o que lhe compete, porque esse seu trabalho é que coloca a base para que a natureza faça a sua parte. Sem a parte dele colheita não acontecerá! Somos chamados à alegria não para mascarar a realidade. Mas para que tendo diante dos olhos a realidade, confiados Naquele que é fiel, tomemos atitudes que semeiem a vida que esperamos. A choramingação, que leva ao desânimo, nada produzirá. Será o enrodilhar-se nas dores e consumir-se sem esperança. Aceitemos o convite à alegria e a levantar a cabeça. Deus se faz um de nós para que, caminhando conosco, se construa o Paraíso sonhado!

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